sexta-feira, 28 de março de 2008

Reescrevendo a História

Na linha dos filmes 'faço da história o que eu bem entender', temos o épico pré-histórico 10.000 A.C.

Não sei se era a intenção, mas eu morri de ri. Muito mesmo. Tudo bem que era pra ser um alucinante filme de ação com pitadas de drama, mas se esperarem por isso, vai ser decepção na certa. A parada é tosca e picareta mesmo. Como logo no início, o drama se mostra um fracasso e em seguida, diante de uma cena potencialmente boa - a caçada de mamutes - a ação não funciona, desisti de levar a sério. O diretor é claramente um canastrão: coloca no pôster uma cena que nem existe no filme. Mas enfim, ontem eu estava afim de assistir um blockbuster pipoca com zero porcento de reflexão, com um bando de atores péssimos (o que confirma as risadas) e bons efeitos especiais. A escolha foi perfeita - exceto pelos efeitos que não são tão bons (sou realmente muito chato nesse ponto). Podem até acusar o filme de incompatibilidade histórica, mas sinceramente acho que é ser rígido demais com um diretor que criou Godzilla, Independence Day e O Dia Depois de Amanhã. Além disso, estamos numa safra onde só vale a premissa histórica, todo resto é falta de noção do criador. E nesse caso, QUE falta de noção. O filme coloca mamutes como burros de carga na construção de pirâmides, traça uma saga que mistura todos os povos possíveis como se cada tribo representasse um lugar do mundo, enfia no meio da trama umas referências toscas ao antigo testamento onde volta o velho blá blá blá do escolhido. O ocidente faz charge de Maomé, mas Maomé é a referência clichê maior dos Hérois ocidentais. Só depois de Matrix, quantos filmes em Hollywood falaram em O escolhido? Putz... Muitos. Nesse caso, a referência é mais clara porque há o discurso "de libertar o meu povo da escravidão" num lugar que claramente remete ao Egito. Pra piorar (ou melhorar) o figurino foi feito das sobras do último carnaval da sapucaí (hi-hi-hi), o héroi salva e fica amiguinho do tigre Dente-de-Sabre e o filme é cheio de declarações e trocadalhos nos momentos romance ("você é como aquela estrela e vai brilhar para sempre no meu coração"). Tudo isso na versão cabelos Bob Marley. Tudo bem que eu fiquei rindo sozinho na sala, mas só pode ter sido falta de senso de humor geral (nem tão geral, porque só tinham umas 10 pessoas na sala).

10.000 A.C. funciona como uma paródia de si mesmo, apesar de ter sido concebido para ser levado a sério. Quanto aos efeitos, só gostei dos mamutes - gostei muito por sinal - e digo logo que o tigre dente-de-sabre ta mal feito, hein? Milhões, Milhões e nada.

Fiquei pensando que época histórica eu gostaria de reescrever ao bel prazer da minha mente perturbada. Por enquanto, quero só fazer dreads e ter um mamute pra mim.

2 comentários:

Elis. disse...

Você nunca ouviu falar que os rastas dominavam o mundo antes de cristo? o.O
tsc.

acho que eu terminaria definhando na cadeira vendo isso.

Rodrigo Almeida disse...

É que entre definhar e rir é melhor rir. Fica meio bizarro você rindo sozinho no cinema das partes pretensamente tensas, mas tudo bem.

Pior são os casos onde a única opção é definhar e dá aquela vontade de sair no meio do filme e pedir o dinheiro de volta...