domingo, 23 de março de 2008

Recife

Segundo o que consta, trata-se de uma cidade velha, maltratada e fantasma, abandonada pela própria população que vive escondida em seus apartamentos, com medo de sair a pé nas ruas por conta dos assaltos e por não curtirem esteticamente dar de cara com aquele trombadinha faminto, cheirando cola e com um vidro na mão. As calçadas estão vazias e cheias ao mesmo tempo. A cidade também é muito conhecida por seu calor infernal 4ever, mas sem esquecer das chuvas de 20 minutos responsáveis por transtornos homéricos: bocas de lobo entupidas de lixo são bóias nesse lugar e os motoristas sempre fazem questão de molhar os pedestres. As ruas e avenidas são estreitas, o que proporciona e estimula a utilização de meios alternativos, mas a quantidade de carros só tende a aumentar. Rodízio já é uma possibilidade concreta discutida em todos os cabarés da região. Por fim, não podemos esquecer que Recife é mais conhecida como a Veneza das construções megalomaníacas e inacabadas. Temos o Parque Dona Lindu em simulação 3D; o complexo Chanteclair me segura senão eu caio e a Fábrica Tacaruna que abre suas portas uma vez por ano (se é que ainda tem portas ali). Temos também o Centro Cultural da Caixa, o Centro Cultural Banco do Brasil, o Centro Cultural dos Correios. Tudo isso apenas nos jornais. Recife é quase um brinde ao mundo virtual.

E como poderia deixar de falar do Cinema São Luiz, inaugurado em 1952, todo glamouroso que há pouco tempo se tornou a batata quente da cidade. O São Luís era o último sobrevivente dos cinemas de rua do Recife e foi fechado. Agora é só no joga de lá, joga de cá. Assume de lá, assume de cá. Coloca debaixo do tapete e espera alguma igreja evangélica se interessar. Ave Maria... esse é o lugar onde moro and I fucking love it.

Nenhum comentário: