domingo, 16 de março de 2008

Clássico

As transmissões de jogos locais são super divertidas. Não digo isso só pelo tosco, mas também pelo tosco. Adoramos os erros técnicos do tipo falha de som ou "vamos escutar agora o hino..." e demora, demora, fica um silêncio constrangedor e finalmente toca o hino, adoramos o comentarista de arbitragem que parece mais um bêbado e confunde o nome de todos os jogadores - sendo sempre corrigido na sequência pelo Rembrant, o locutor - e até relevamos as piadas e informações sem graça do André Galindo - apesar de que quando elas se repetem e se tornam matéria ficam insuportáveis. Podem conferir amanhã, pura infâmia. Mas além do tosco um detalhe me chamou a atenção. Nas transmissões locais, a globo daqui valoriza a existência das várias câmeras em campo de uma maneira muito louca, até desordenada. Existe uma mudança constante de uma câmera para outra durante o próprio jogo, algo que pouco acontece nas transmissões nacionais e que quebra um pouco com o costume do plano aberto, da visualização completa do campo (visão apropriada pela maioria dos jogos de videogame também). Mesmo na preparação da partida já tinha percebido essa diferença. Só para se ter uma idéia, antes de começar o clássico entre o Náutico e o Sport, a Globo fez uma sequência de imagens editadas ao vivo, fazendo a linha preparação da batalha. Lembrei das cenas pré-batalhas de O Gladiador, Alexandre e afins. Daí mostrava os dois times de todos os ângulos, o árbitro, os brasões, as torcidas, as bandeiras. Chegou no ponto de filmarem ambos os técnicos em contra plongé, com a câmera na altura do gramado circulando cada um deles. O melhor é que a câmera às vezes tremia muito por conta dos movimentos inusitados que eram usados. Num desses contra plongés, a câmera chegou a cair. Muito bom. Preciso ressaltar que ao fundo tocava o hino de Pernambuco. Praticamente a batalha dos Guararares, a revolução de 1817. O jogo é narrado em ritmo de guerra mesmo. Achei muito legal isso, muito mais humano que aquela idéia da perfeição, do padrão globo de qualidade, da moralidade, de mostrar as famílias e ficar re-afirmando "esse é o jogo da família, um domingo da família". Aqui a pedra fundamental é a rivalidade. Não se perde a idéia de jogo, no sentido de confronto em nenhum momento. A edição super frenética me deixou super torcedor frenético. Romerito é ídolo, Ticão é traíra e Magrão é o melhor goleiro do Brasil.

Só acho que ao invés de chamarem a Geórgia Kirilos devia soar uma vinheta: "Geóoorgia, a carniceira dos pantânos frios das noites do Deus Satã... Oi Rembrant, estou aqui com beltrano do náutico e queria perguntar 'qual foi a maior dificuldade do jogo?". Fiquei escutando Ave Sangria durante o jogo. Também recomendo.

Isso sim é programação de domingo.

Ps.: O que são aqueles torcedores que ficam na grade da arquibancada xingando e fazendo cara feia para os jogadores do time adversário quando estes vão bater lateral e escanteio? Perae po... muito engraçado. Fico com medo de reconhecer alguém hahahahaha.

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