quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante...

...é tão mais fácil ter dezessete anos.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Horóscopo

acho que eu não volto pra casa essa semana.
medo de tu

Gabi


Rodrigo Almeida

Signo: Áries

Ascendente: Áries

Lua: Sagitário

Elemento: Fogo


Período do Trânsito:

Início: 22/09/2008 Fim: 25/09/2008

Título:

Marte em Quadratura com Ascendente natal

Resumo:

Este trânsito focaliza os problemas na sua vida pessoal. Com certeza, esta será uma fase de desentendimentos. Você terá uma visão e a pessoa a quem ama terá outra. Como não estará com vontade de contemporizar, já dá para imaginar o que irá acontecer, não é? Trabalhar com os outros então, nem pensar! Enterre-se no trabalho, gaste toda a sua impulsividade e agressividade em alguma tarefa que possa realizar sozinho. O ponto aqui é manter-se ocupado para tentar manter o equilíbrio. E você sabe que, quando mantém dentro de si toda essa raiva, a sua saúde é que poderá padecer. Então, canalize-a para uma válvula de escape que não lhe cause problemas. Quebrar pedras, por exemplo, pode parecer uma idéia boba, mas por que não experimentar? Ou pense em algo melhor para gastar a sua energia.


Período do Trânsito:

Início: 20/09/2008 Fim: 28/09/2008

Título:

Mercúrio em Quadratura com Ascendente natal

Resumo:

Com este aspecto, você terá apenas vontade de falar. Se pudesse, falaria sozinho. É claro que se houver pessoas ao seu redor será bem melhor. Mas, se por algum acaso não puder se expressar, isto vai ser um grande sofrimento para você. Outro problema será a diferença de opiniões. E como você estará mais interessado em suas próprias idéias do que nas dos outros, provavelmente as pessoas terão que chamar a sua atenção para que pare e se lembre de que não está falando sozinho. Tente espairecer a mente e não fique analisando todo o mundo. Se realmente quiser companhia para as suas conversas, não fique provocando os seus amigos. Use a sua vontade de desafiar para criar os seus projetos e desenvolver os caminhos para conseguir realizar a contento o que desejar.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Publicidade Infantil

Daí, mais uma vez, começou uma discussão verborrááágica - e da qual todos podemos viver sem - na chatilda lista de comunicação. Como não me arrisco escrever lá, corro pra aqui e desço o sarrafo. Pior que dessa vez nem vou descer o sarrafo - e não precisam ficar tristes, ora - afinal vou contar uma historinha a partir do mote do primeiro e-mail, que se referia à decisão da TV Cultura em, a partir de janeiro de 2009, não veicular mensagens publicitárias na programação infantil. Pois é, isso lançado no cantinho dos pré-jornalistas, mancebos e ninfetas, é o mesmo que dizer: 'transforme uma notícia interessante num mero joguinho retórico'. Dito e feito, mas isso não vem ao caso hoje, afinal decidi ali em cima não descer o sarrafo. Deixa eu voltar ao que interessa então: num desses domingos pela manhã, estava tomando café, comendo torrada e assistindo Maísa, quando começaram as propagandas infantis. Na época em que eu morava com a minha mãe e minhas sobrinhas, eu ficava prestando muita atenção, porque independentemente do que era vendido na tv, elas queriam tudo pra si (minhas sobrinhas, não minha mãe). Absolutamente tudo: de boneca à roupa aos brinquedos mais esdrúxulos. Era muito raro achar 'feio', era sempre 'eu quero' - e também rolava o 'feio, mas eu quero mesmo assim'. Só que dessa última vez, sozinho e sem crianças por perto, ignorei naturalmente boa parte das propagandas até que uma delas terminou me chamando a atenção. Eram duas meninas nos seus 5/6 anos, brincando numa mini-cozinha e o 'bom' do brinquedo era lavar pratos e talheres. Somente. Não pensei em mim na hora, óbvio, tentei apenas deduzir se em outra casa o som foi de 'feio' ou de 'eu quero'. Tenho quase certeza que foi de 'eu quero'. Isso é assustador.

Fiquei indignado me sentindo a própria Mari Pires.

domingo, 21 de setembro de 2008

Bêbados do Hall

- Moça, deixa eu responder a entrevista de novo.

- Mas peraí, de novo?

- É. É que agora quero responder no perfil 2.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Coquetel Molotov

joão da costa mostrou todo o poder de sua juventude e deu uma volta no seu jipe vermelho não uso espelho pra me pentear; raul encarnou o galã, fez biquinho, defendeu as mulheres e garantiu ginecologista para todas; mendonça filmou os pobres chorando, filmou um cara chamando joão paulo de cara-de-pau, abriu a temporada de apelação e prometeu criança bem cuidada e alimentada; edilson recebeu mais um selo de qualidade da heloísa helena,;kátia telles e o roberto numeriano devem ter aparecido na hora que fui beber água e quando achei que finalmente poderia assistir A Favorita em paz, ca-do-ca-do-ca mais uma vez perdeu a noção, ganhou o oscar de edição de som e fez o recifolia na tv.

que coquetel que nada. bom mesmo é ficar em casa assistindo o guia eleitoral.





Dolores

E nunca pensei que fosse tão difícil tirar uma merda de foto com a webcam.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

I-doser


Eu já tinha escutado falar dessa história dos arquivos de som que simulavam efeitos de drogas, só que achei muito Lain essa conversa, mas depois da capa tipicamente escandalosa do JC e de todas as informações detalhadas de onde achar o I-doser contidas na matéria - com direito a delegado dizendo que não é crime, com especialista dizendo que não causa danos neurológicos, nem dependência química, além dos relatos de usuários - fiquei em dúvida se a matéria era pura apologia ou o velho sintoma da falta de pauta. Sensacionalismo rasteiro viu, mas de qualquer forma, como sou uma vítima da sociedade do espetáculo, fiquei morrendo de vontade de experimentar.

E provavelmente não só eu.

Interessados?

Vou pro multiplex, mas... ver o que?

Fonte: Programa / Folha de Pernambuco (18/09/2008)

UCI/Ribeiro Tacaruna (no Recife) completa 10 anos

LUIZ JOAQUIM

Essa história é real. Último domingo, início da tarde no multiplex UCI/Ribeiro do Shopping Recife. Dois garotos de 11 e 12 anos na fila da bilheteria discutem fortemente. O primeiro tem dinheiro apenas para pagar o ingresso da 'promoção família', ou seja, R$ 5,50 (a meia entrada) para sessões iniciadas até 14h55. O segundo, com mais dinheiro, diz que de nenhuma forma vai se submeter a ver "Xuxa em Sonho de Menina", que é o único filme ali começando antes das 14h55. O primeiro bate o pé é diz: "Pois eu vou. Saí de casa para ver um filme e vou ver, mesmo que seja o da Xuxa".

O exemplo acima é emblemático para levantar uma reflexão sobre a chegada dos multiplex no mercado brasileiro e o redesenhamento cultural em torno do hábito de se ir ao cinema. Hoje comemora-se os dez anos de inauguração do multiplex UCI/Ribeiro no Shopping Tacaruna, cerca de um mês após a celebração de seu irmão no Shopping Recife. Muito dificilmente, há 11 anos, esse tipo de discussão entre os dois garotos teria lugar numa fila do cinema.

Antes, saía-se de casa para ver "o" filme, e não "um" filme. Ia-se a uma sala específica em um endereço específico para ver um filme desejado, o qual, habitualmente, o espectador sabia muito bem sobre o que se tratava a produção. A partir de 1998, no Recife, esse tipo de relação com o espaço de reunião para ir ver um filme foi modificando-se exatamente porque o formato múltiplo de salas conjugadas, com um leque de títulos a escolher e com a arquitetura impessoal, foram moldando assim um novo personagem, o consumidor de entretenimento, em detrimento do antigo espectador cinematográfico.

O interesse do primeiro personagem é generalista. A idéia em alguns casos é chegar num multiplex é pagar para o ver o filme da sessão com horário mais próximo. É, como num fast-food, onde se escolhe o hambúrguer pelo seu número no menu para saciar a fome, e não por um opção de degustação para dar conta de um paladar mais sofisticado.

Para o cineasta Paulo Caldas, que tem seu filme "Deserto Feliz" em cartaz às 19h30 de hoje como parte da programação de aniversário do UCI/Ribeiro Tacaruna essa postura cultural não é interessante. "Como realizador, eu gostaria que a pessoa saísse de casa para ver um filme que lhe atrai, que ele realmente deseje ver. De certo modo isso ainda acontece em espaços com programação alternativa ou de arte, mas aí esses espaços viram uma espécie de gueto".

Quanto a exibição de hoje, Caldas a vê como ótima experiência para entender o impacto do filme num público de multiplex. "Vai funcionar como um termômetro mas, atípico, porque não houve um trabalho de divulgação tradicional de lançamento", explica. Quanto a possibilidade do filme vir a estrear num multiplex, o diretor diz que ainda não há nada formalizado.


Outra história real - Terça-feira passada, numa aula da Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, surgiu na aula da professora Ângela Pryston o assunto sobre a impregnação cada vez mais marcante da mundialização nas produções cinematográficas. O tema veio à tona por conta do multi-étnico "Ensaio Sobre a Cegueira", filme de Fernando Meirelles em cartaz. Uma coisa puxou outra e logo logo se falava da cultura dos blockbusters, cujo templo é inegavelmente os multiplex.

"Nessa aleatoriedade com a qual se consome cinema hoje, as estratégias de divulgação voltaram-se para um marketing básico e direto, quase primitivo; como o poster de cinema, que parece ganhar um valor cada vez mais determinante. O apelo visual aqui pode ser fundalmental", comenta Pryston.

Um de seus mestrandos, Rodrigo Almeida, prepara sua dissertação "Internet Projetor: Ciberespaço, Cinefilia e Cineclubismo", pela qual pretender chegar a algumas respostas sobre um hábito cada vez mais comum: o de baixar filmes pela internet. O estudo passa também por uma observação na postura do mercado de exibição cinematográfica.

Rodrigo percebe uma uniformidade na programação dos multiplex e que a máxima quando se fala na "diversidade" da programação dos complexos nem corresponde tanto assim. "Fiz uma pesquisa nos arquivos microfilmados na Fundação Joaquim Nabuco com jornais de 1975. Avaliei a programação nos cinemas do centro do Recife entre julho e dezembro daquele ano e percebi que naquele período a quantidade de filmes em cartaz era a mesma oferecida no mês passado, quando estreou "Batman: O Cavaleiro das Trevas", revela o estudante.

O mestrando ressalta ainda que em outra época, os cinemas tinham um perfil determinado e o lançamento de alguns filmes, conforme seu gênero, já tinha um endereço definido de projeção. Nos anos 1980, por exemplo, filme de terror iam para o Cine Moderno, situado na praça Joaquim Nabuco (hoje uma loja de eletrodoméstico).

O professor e coordenador da especilaização de Estudos Cinematográficos da Universidade Católica de Pernambuco, Alexandre Figueirôa era um dos que freqüentava os cinemas nessa época e lembra que a idéia de consumo de cultura pelo cinema já existia também nos cinemas de rua. O multiplex, junto aos shopping centers, pontencializou o que estava latente. "Já faz bastante tempo que o cinema está vinculado à idéia de diversão massiva. E seu enquadramento nesse processo de concentração comercial dos shopping se deu com facilidade", reflete.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Jubilamento

Eis que recebi pela lista de comunicação o seguinte e-mail:

Aos alunos q vêm adiando a conclusão do curso, a Profa.Luíza Nóbrega convoca para uma reunião na próxima 5a.feira, dia 18 de setembro, às 15h, que terá como pauta a questão do jubilamento. Contamos com a presença de todos que se encontram nesta situação.

A Coordenação

Por não querer gerar uma confusão sem resultados na lista e até por achar que a briga nem é minha, resolvi não responder o e-mail, mas como não deixo de atirar quando tenho o gatilho entre os dedos, preciso dizer que se tem alguém que está precisando ser jubilada urgentemente para o bem da universidade, e mais especificamente para o bem do curso de Comunicação Social da UFPE, é a própria professora Maria Luíza Nóbrega. Poderia passar anos resgatando exemplos de aula, de troca de e-mails, poderia convocar alunos e ex-alunos para darem seus depoimentos, emocionados mas só para ilustrar o retrocesso que essa mulher representa, gostaria de falar um pouco sobre o que ela fez das disciplinas eletivas desde que assumiu a coordenação. Na minha época de graduação (e isso foi entre 2003 e 2007), todas as eletivas, sobre os mais diferentes assuntos, com um vasto número de professores, eram postas todas em um só dia, a sexta-feira. Particularmente, posso dizer sem medo que isso salvou o término de meu curso, porque era justamente pelas eletivas que eu escolhia e gostava que eu tinha saco pra pagar as obrigatórias, em sua maioria, insuportáveis (duas delas com a própria Maria Luíza, o que tornava tudo muito mais difícil).

Nessa época, as eletivas funcionavam como um grande espaço de encontro e diálogo interno do curso de Comunicação Social, já que todos os alunos, de todas as habilitações, tinham uma puta variedade de opções de cadeiras para se matricular (e quando falo em opção, falo do poder de escolha entre uma ou outra). O que me parecia um avanço, afinal personalizar a própria grade a partir dos próprios interesses é no mínimo um grande passo dentro de uma instituição marcada pela lentidão nas mudanças (e uma tendência). As pessoas com alguma afinidade de diferentes períodos e habilitações terminavam fatalmente, pelo bem ou mal do futuro delas, se conhecendo naquele corredor quente. Hoje temos ar-condicionado nas salas e só a Copa Paulo Francis pra integrar o curso (e realmente, ambos funcionam). De qualquer forma, diferente dos que acreditam na universidade como o lugar formal de meramente adquirir conhecimento, acredito na universidade como o lugar de conhecer pessoas. E não posso me queixar: fiz grandes amigos por lá e o conhecimento veio de várias formas. Realmente tomei as eletivas, os encontros, a biblioteca, as cervejas como uma fuga - algo que valia a pena para compensar tudo que não valia, e terminei pagando muito mais cadeiras eletivas que o necessário. Sem contar as isoladas em Letras, Ciências Sociais e Artes Plásticas. Só que a possibilidade de traçar esse mesmo tipo de percurso mudou, infelizmente não vejo uma reação prática dos alunos e tenho medo dessa nova era de grandes mudanças para o pior.

Agora o que acontece é que as eletivas são, de forma ímplicita óbvio, 'impostas'. Engraçado que eu achava que o nome era auto-explicativo: talvez o colegiado não tenha se dado conta. Pois é, ao invés de um dia único com um mar de opções, temos eletivas nos mais diferentes e ingratos dias e horários, o que em primeira instância faz com que determinadas eletivas se encaixem no horário obrigatório de determinado período e consequentemente, se torne impossível para os outros períodos. Não há mais escolha, ou melhor, a escolha única é não pagar e passar o período sem eletivas. Eu particularmente via essa possibilidade como o inferno, porque se temos de passar quatro sofridos anos indo todo dia pro CAC, pelo menos que amenizemos a dor. As eletivas se tornaram obrigatórias e não são tateadas mais pelo interesse do alunato, mas pela casualidade de espaço na grade de horário. Resumindo, situação trash. E olhe que nem toquei no ponto da distância que se cria entre as habilitações com essa novidade, pois sempre pensei nessa questão como algo que deveria ser prioridade em se quebrar: o curso ainda é Comunicação Social, antes de ser jornalismo, publicidade e rádio/tv. Isso me lembra da história que Dacier, se não me falha a memória, contou certa vez sobre o motivo dos centros universitários da ufpe terem sido construídos distantes uns dos outros: o governo achou que isso faria com que alunos de diferentes cursos não pudessem se articular politicamente. Maria Luíza me remete a essa época e a esse tipo de pensamento arcaico: a professora simplesmente está desmantelando o já fragilizado curso da universidade federal de Pernambuco. E se tem alguém que precisa ser jubilado, urgentemente, nada mais justo que comecemos por ela.

sábado, 13 de setembro de 2008

Women Now

- Não sei como tu conseguiu ficar tão bem.

- Não sei como eu consegui ficar tão mal.

SPA das Artes

Calourada freak cafuçu de História: como perder a dignidade em dois tempos.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O Cavaleiro Inexistente

Depois de João Paulo, Eduardo, Lula, Casa Forte, Ipsep, Maria Tonha, José Pedro, Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, o maracatu, o frevo, Ariano, o carnaval pensamos que a próxima propaganda associativa do PT deveria logo adentrar pelo jogo espiritual, sem perder a ternura, a cor vermelha e o ritmo da musiquinha preguenta:

Inri Cristo está com João da Costa /
e Jesus está com João da Costa /
Pastor Silas está com João da Costa /
e Deus está com João da Costa.

Eu só me pergunto uma coisa: e aonde está, João da Costa?

Espero que a armadura vazia ganhe logo no primeiro turno e pra isso tem de apelar mesmo para propaganda moderninha e jovem. Ninguém aguenta mais a cara de Jarbas dando conselhos e dizendo que acredita em Raul Henry. Isso é queima, não propaganda. Se bem que ser Cadoca já é queima. Deviam faz o horário dele só com animação. De qualquer forma, quero me isentar e torcer pelo Cavaleiro Inexistente, só para não ficar tentado a votar nele, fugindo do sorriso de Cadoca. Já Mendonça mais uma vez perde, fica deprimido e vai curar a derrota nas gringa.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O Sétimo Continente (1989), de Michael Haneke

Pessoal,
daremos prosseguimento ao segundo ciclo de exibições hoje (09 de setembro), no Mini-auditório 1 do Centro de Artes e Comunicação (CAC), por volta das 17 horas. Todos estão convidados. A escolha do filme dessa vez fica a cargo de nosso querido graduando em jornalismo Hermano Callou e só para diminuir a surpresa, ele já nos adiantou que levará um filme oriental. Mais um, já que no primeiro ciclo ele foi responsável pelo raro tailandês Mal dos Trópicos, do impronunciável Apichatpong Weerasethakul. Na semana passada, para abrir o segundo ciclo, passamos o primeiro longa-metragem para cinema do diretor austríaco Michael Haneke (famoso por Funny Games, A Professora de Piano, Cachê). A obra em questão, O Sétimo Continente (1989), um roteiro negado na televisão e por isso realizado para tela grande, é o primeiro episódio da chamada (e gostaria de saber se o próprio diretor também a chama) Trilogia da Era Glacial, completada pelo Benny's Video (1992) e por 71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso (1994). A minha escolha se deu em duas frentes. A primeira pelo discurso pessimista levado ao limite sobre a 'coisificação' e 'mecanização' da humanidade, discurso que ganha força a partir do momento em que o cineasta se apropria de uma família-metáfora da classe média, sua rotina pré-moldada e seus anseios burgueses, para fincar um caminho de esvaziamento espiritual completo que os leva a uma autodestruição física e existencial também completa. Quase afirmando que a civilização ocidental inteira caminha nesse sentido: uma carta só com boas e fugazes notícias que logo se transforma numa carta de suicídio. A segunda frente diz respeito ao risco de se filmar um longa-metragem inteiro, de quase duas horas, colocando o plano-detalhe e a câmera parada como recursos centrais – imbricando a violenta frieza do tema dentro da forma - e conseguindo através disso, caracterizar seus personagens não tanto pelos seus rostos ou diálogos, mas por suas ações cotidianas, banais e, principalmente, por seus objetos de consumo. Mesmo com longas seqüências de imagens fechadas – o que gera uma impessoalidade e uma fragmentação inicial – logo nos acostumamos, nos angustiamos e conseguimos visualizar uma realidade que extrapola as bordas da tela. Vemos um prato de cereal e visualizamos a cozinha, vemos um sapato sendo amarrado e sabemos como é o banheiro. Vemos a televisão ser destruída, o dinheiro sendo jogado pela privada e as datas de óbito anotadas na parede da sala de estar. Haneke perturba porque sempre fica o receio de ter de concordar incondicionalmente com ele. Para os interessados, o filme pode ser facilmente encontrado no fórum Making Off.
Enfim, compareçam hoje se não tiveram nada mais interessante pra fazer.
Abraços,
Rodrigo
SERVIÇO:
Filme Surpresa
Segundo Ciclo de Filmes
Todas as terças-feiras (sempre às 17:00)
Miniauditório 1* / CAC / UFPE
* O Miniauditório 1 fica no térreo do Centro de Artes de Comunicação (CAC). Ao entrarem no Centro e irem em direção à lanchonete, vocês pegam a primeira à direita, onde tem uma lojinha de livros, e já é nesse corredor estranho (do lado esquerdo).

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Caseiro

- E aí, como foi a festa no puteiro?

- Foi boazinha. Só que a Catarina devia desistir dessa história de cantar.

Chaves e o Bigode

Já escutei de tudo nesse mundo desde que assumi o bigode, mas me chamar de Seu Madruga foi sem dúvida o pior comentário de todos. Pegou pesado, Lucas. Principalmente porque, na sequência da comparação infâme no meio de estranhos, tive de escutar uma correção ainda pior: "eita, Seu Madruga, não. Tá é parecido com o Professor Girafales".

Ok, estilei, não sei se o bigode resiste a tanta humilhação.