Na boa platéia do Cine PE, não entendi mesmo as vaias para Décimo Segundo, de Leo Lacca. Não que eu tenha gostado da obra e queira fazer uma super defesa aqui. Longe disso. Até achei Décimo Segundo um tanto chato e como sou uma pessoa enferma do pânico de semi-conhecidos ou reencontros forçados, achei muito óbvio o comportamento de ambos os personagens. Entretanto, reconheço não só uma proposta sincera, mas um punho de diretor que desafia a si mesmo naquele plano-sequência enorme de sei lá quantos minutos. Particularmente, prefiro a cena do elevador e contradizendo todos comentários, gostei bastante da fotografia, mesmo variando a todo tempo como samba do criolo doido. Ao invés de criticar como um erro técnico (e provavelmente é um erro), tomei essa variação como uma forma de revelar ao espectador, a dificuldade de se filmar naquela cozinha com tão pouco espaço, afinal a cena não é estática apesar de não sair do único cômodo. Há um movimento em pequenas medidas que me deixou um tanto bobo: tanto da câmera, como das personagens, como dos gestos dos atores. O diálogo - ou a tentativa de tornar o silêncio maior que as palavras - é o que não me convenceu e até entendo que deveria ser a maior sacada do filme. Apenas não me convenceu. De qualquer maneira, tenho, a priori, uma simpatia enorme por pernambucanos que seguem uma proposta mais particular, que vinculada a um desejo de reconhecimento através do exótico local. Leo Lacca é um deles e acho isso massa, só não gosto tanto de suas produções. Tudo bem: quando terminou o filme, me levantei e soltei um "que filme chato da porra!" (e aqui percebam a diferença, porque o chato não é necessariamente ruim).
Fiquei pensando que quem começou a vaiar foi a turma bumba-meu-ovo indignada pela falta de um caboclo de lança no elevador ou o próprio Leo Lacca sacando que a polêmica poderia lhe levar ainda mais longe. Aliás bora combinar que ser vaiado no Cine PE tem lá seu charme. Mas é incrível como o povo das palmas é tão influenciável, pois quando as vaias começaram, alguns pararam de bater as mãos e não duvido que outros tenham até começado a vaiar também.
Fiquei pensando que quem começou a vaiar foi a turma bumba-meu-ovo indignada pela falta de um caboclo de lança no elevador ou o próprio Leo Lacca sacando que a polêmica poderia lhe levar ainda mais longe. Aliás bora combinar que ser vaiado no Cine PE tem lá seu charme. Mas é incrível como o povo das palmas é tão influenciável, pois quando as vaias começaram, alguns pararam de bater as mãos e não duvido que outros tenham até começado a vaiar também.
3 comentários:
Penso diferente sobre as vaias e sobre o filme. Acho que as vaias nada tiveram a ver com cinema, como tudo, aliás, no Cine Pe não tem a ver com cinema. Não que a platéia tenha gostado do filme, mas se fosse outro filme tão odiável quanto o filme de Lacca (odiável pra eles), eles teriam aplaudido como manda a boa cordialidade que rege a platéia mais bajulada do Brasil. Eles vaiaram, eu acho, por pura curtição. Eles sabiam do histórico do filme, de suas vaias em Brasília - graças a imprensa que não sabe falar outra coisa sobre o curta -, e vaiaram sob a mesma lógica que os levaram a gritar, afoitos, nas mais ingênuas cenas de sexo projetadas no festival. Ou seja, pura e sacana tiração de onda. Sobre o filme, eu entendo tua posição. Mas eu, confesso, acho o filminho foda. Trabalho de som embasbacante, cria uma tensão absurda e serve como contraponto aos silêncios. Na verdade, é o próprio trabalho de som que concede eloquência a cada um daqueles silêncios. Eu entendo tua opnião e até às vezes me acho um pouco condescendente demais com o filme, talvez por que eu me empolgo muito com a idéia de um filme pernambucano mobilizando recursos um tanto exóticos por aqui - que curta trabalha com tanto domínio a duração do plano? o som e o silêncio como recursos dramáticos? a elipse como combustível da narrativa? Décimo Segundo foi, pra mim, um arroubo de CINEMA no meio da merda do festival.
Eu fui um pouco irônico quando falei das vaias. Não era meu objetivo procurar saber o motivo das vaias até porque comecei o texto falando que realmente não entendia esse motivo. Chegou a passar na minha cabeça a idéia do ressoar de Brasília aqui, mas achei tão preocupante e patético que preferi descartar. Daí usei piadas mais leves, mas não com a força da crença nelas.
Eu esperava tanto do filme (pq gosto das produções anteriores de Lacca) q quando ele acabou pensei o mesmo que Rodrigo: "q filminho chato...". Só que depois o plano final (ela esperando o elevador com a luz falhando) ficou na minha cabeça o tempo todo e eu acabei achando o filme bem perturbador, sei lá... gostei da tensão... gostei do fato de sabermos que faz frio, mas não sabermos o lugar onde o casal está... ficou uma impressão meio assustadora...
Um amigo meu achou a mesma coisa q Rodrigo sobre os silêncios no filme...
Sobre as vaias... talvez houvesse um desafeto de Lacca na platéia, talvez a platéia seja sim idiota no sentido mais radical do termo... =/
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