sexta-feira, 2 de maio de 2008

Ocidente

Ocidente é um filme parnasiano: o velho belo com cheiro de 'arte-pela-arte-em-minha-última-viagem-pela-Europa'.

4 comentários:

Rodrigo Almeida disse...

Eu acordei hoje gostando bem mais do filme. Talvez ele não seja apenas parnasiano, mas o parnasianismo ainda é a sua característica mais gritante.

Anônimo disse...

Vou me intrometer de novo aqui. Não achei Ocidente parnasiano. Não sei se o que você quis dizer por parnasiano era isso, mas parnasiano pra mim é algum filme cujo traço formalizante sufoca a obra e a transforma numa experiência fria, racional demais, virtuosística, pura disciplina formal. Há uma investigação formal em Ocidente, isso é óbvio. Pra mim, isso não esfria o filme, mas catalisa a emoção. Sette parece ter uma crença quase religiosa naquilo que filma, que é extremamente simples, mas que me arrancou do chão, juro. Li numa entrevista que Tarkovsky foi um cineasta importante pra ele. Isso se vê no filme, na medida em que cada um dos dois planos do filme gesta uma temporalidade muito própria, que, conjugada com a beleza das imagens sobrepostas, cria um belo sentimento de suspensão, de magia mesmo. Foi um poeminha abstrato pra mim, delicioso.

Rodrigo Almeida disse...

Acho que Ocidente é mais exercício formal que poesia e logo após a sessão, fiquei um tanto irritado porque só enxerguei o lado parnasiano da proposta. As imagens são realmente belas, mas elas não me passaram nenhuma outra sensação além da pura beleza. Um tanto racional e não sei se há uma influência, um pé atrás, por conta do festival ou se esse caráter racionalista fluiu apenas do filme direto para mim. É como se só existisse a beleza da imagem, sem uma carga por trás dela, e por isso acho que envolver simbolismos aqui seria um pouco precipitado.

Por outro lado, pensando sobre o curta (e provavelmente foi o único que ficou tão forte batendo na minha cabeça), comecei a tornar a dureza formal da primeira vista (e que ainda permanece, óbvio), num espectro menos radical. Não acho que Ocidente seja tão parnasiano, mas ainda parnasiano. É a estupenda beleza imagética que rege tudo que existe ali. E sem sombra de dúvida, só isso o faz um dos melhores curtas do festival.

Anônimo disse...

Achei que as imagens do filme foram, sim, belas. Mas também fortes. Concordei com Hermano que a forma mais catalisa a emoção do que a sufoca. não me peçam pra explicar.