terça-feira, 27 de maio de 2008

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Chuva, gripe e milhões de coisas pra fazer.

Além daquela chata falta de inspiração.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Indy

A certa altura do meio de Indiana Jones, eu achei demais - e fiquei me divertindo muito com a idéia - que no ritmo sincretismo interdimensional que a história se dava, o arqueólogo chapado e ex-bonitão ia terminar o filme como Han Solo assistindo 'Invasion America' ou entrando na sociedade de 'THX', depois de ter encontrado o 'E.T.' ou o 'Alien' ou mesmo descoberto que sua série, na verdade, não passava de 'Taken'. Se era pra perder a razão, que perdesse com uma classe ficção científica que os próprios idealizadores ajudaram a fundar.

Na tela, o filme terminou em casamento.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

R$ 4,99

Outro dia comprei uma câmera fotográfica de R$ 4,99 na área infantil do Atacadão dos Presentes, vendida debaixo de uma placa enorme: "Não é descartável". Todo mundo que passava terminava parando pra mexer e eventualmente descobria que aquela simpática invenção vinha da Tailândia. Existem uns preços que nos agridem e meio que nos obrigam à compra. Tipo cinema por 1 real ou DVD pirata por R$ 2,00. Isso pode ser saudável ou doentil dependendo do consumidor, mas eu sou meio viciado em promoções e nunca deixo passar. Comprei nesse mesmo dia, um filme colorido de 36 poses (pague 24 e leve 36), mas a câmera deu um problema e queimou tudo da foto 17 até 36. Nem me importei, afinal me diverti tanto com a Charming 35: totalmente automática, você precisa adequar o mundo pra ela e não o contrário. É difícil. Estava sentindo falta de imagens no blog, então resolvi colocar algumas das brincadeiras, editadas by Paint, do que consegui fazer até o número 16. Como dá para perceber, não fotografo pessoas. Tenho um puta interesse em fazer um ensaio sobre prédios abandonados, em construção e destruídos na cidade.

Prédio abandonado na Rua do Hospício (vista frontal)


Prédio abandonado na Rua do Hospício (vista lateral)


Casa em ruínas na Conde da Boa Vista


Casa em ruínas na Conde da Boa Vista


Casa em ruínas na Conde da Boa Vista

Quando terminei de tirar as fotos do lado de fora, resolvi entrar na casa, apesar do cheiro forte de merda e de bicho morto, para poder fazer algum registro lá dentro. Fiquei receoso de entrar, encontrar um cativeiro e terminar também sequestrado. Daí quando tomei coragem, vi um homem suspeito saindo, ajeitando as calças e eu estava com uma câmera azul de R$ 4,99 apontada pra ele. Fingi na hora que tudo não passava de uma egoshot.

1 real que saiu caro


Across the Universe é sem dúvida a pior pedida para beatlemaníacos. Tirando o mais óbvio do mocinho se chamar Jude e da mocinha se chamar Lucy, o filme da Julie Taymor tenta inserir todas as referências possíveis aos Fab Four num curto espaço de 133 minutos. São 7 anos de larga produção artística e lendas mil resgatadas da pior forma. E claro que o Jude volta pra Lucy no final, inspirado por 'Hey Jude' cantada por um amigo no espelho de um bar. Depois ele é cercado de jovens, crianças do subúrbio e todos cantam juntos lá lá lá lá lá, lá lá lá, hey Jude. Piegas é pouco. Ok, os Beatles são bregas pra se fuder, mas não chegam nesse nível auto-ajuda contemporâneo da coisa. Pra piorar a forçada de barra, todos os personagens secundários se chamam Martha, Prudence, Sadie, Max (personagens de algumas canções) e quando não estão dublando as péssimas versões do quarteto como se tudo fizesse um sentido dentro da história, estão soltando frases aleatórias com alusões de toda espécie à banda. Poderia falar que faltou um recorte para fundamentar uma história de amor, a partir das canções dos Beatles, mas isso seria um elogio perto do que o filme se mostra. Faltou muito mais; faltou tipo tudo. Para mim, o argumento se torna suicida desde o momento que resolve colocar a referência como objetivo central da produção, não como um alicerce dentro de uma trama. Sim, Across the Universe é puramente a referência pela referência e depois pensamos na história. E não importa tanto (na verdade, não importa nada) a maneira como essa referência é posta, ou deveria dizer jogada dentro da história. É o ápice da referencialidade vazia que comumente associamos ao pós modernismo na universidade pós moderna. Não há senso algum de quando cabe uma música ou uma alusão dentro do contexto, tudo é lançado de uma só vez se sobrepondo e se sucedendo sem parar. Cansa, pois é cansa. Como sou do tipo louco pela banda, passei pelo menos 3 anos da minha vida apenas (sim, apenas) escutando ela, conheço todas as músicas, um monte de lendas, de detalhes sobre as capas, assisti aos filmes, li o Anthology, sei possíveis interpretações para as músicas, a inspiração, histórias pessoais, brigas e cada forçada de barra que trazia algum desses elementos para o filme, sem ter uma base de necessidade, me deixava puto da vida. Isso é um erro primário, porque óbvio que ia terminar forçando a barra e tornando a obra ridícula. Na verdade, o filme já inicia forçando a barra com aquela cena na praia e o bonitão cantando 'Girl' para câmera. Pela primeira vez na minha vida, preferiria não ser beatlemaníaco, porque pelo menos não entenderia metade das referências, metade das piadas, o filme ficaria num não entendimento imenso e me pouparia dos 'putz, que merda', 'putz, que piada forçada', 'putz, mata a música' que eu soltava a cada 30 segundos. Foi meio torturante a sessão.

E o que dizer quando a Prudence entra pela janela e a Sadie pergunta 'quem é essa?' e o Max responde 'She came in through the bathroom window'? O filme é todo nessa linha. Dr. Robert (Bono do U2 se passando), Rita, Mr. Kite, Jojo e vários outros personagens de canções terminam surgindo na 'aventura', sem contar as referências a outros artistas da época, como a Sadie Janis Joplin com um Jack Daniels na mão namorando o Jimi seu Jorge Hendrix. É meio patético. Chega dá vergonha das pessoas enxergarem aquilo tudo como uma inspiração provinda da obra dos Beatles. Acho que só dei risada com o filme, sem ser do filme, quando passou uma pomba gira, lá no fundo, durante uma cena musical (se bem me lembro foi em Come Together). Tão nonsense, mas adorei. Se bem que eu não estava nem rindo da pseudo noção de psicodelia, nem dos atores, o que seria bem possível, principalmente quando eles faziam uma expressão de sacada esperta a cada piada cretina que contavam. Desejo que ninguém conheça os Beatles por esse filme. Seria uma Bad trip total.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Ônibus

Toda vez que uma pessoa gorda, bem gorda, senta ao meu lado no ônibus, me vem a imagem de uma bolota de carne junto a um saco de ossos.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Framboesa - Resultado

Não vou usar dos tópicos comumente requisitados nesse tipo de post, afinal são quase 5 horas da manhã e não estou simpatizando com esse tipo de esquematismo. O pior longa do Cine PE 2008 foi Bodas de Papel, de Daniel Sturm. Quem viu não teve dúvida. Helena Ranaldi, ator argentino, velhos de guerra e uma novela de segunda na tela grande só poderia terminar num evento altamente constrangedor. Talvez a obra tenha se revelado como as duas horas mais detestáveis do festival (e tenham noção da grandeza inversa da sentença). Até aí tudo bem. Surpresa foi escutar o Walmor Chagas apresentar o filme dizendo que "a salvação tem que vir do cinema, porque a televisão é o reino da mediocridade". Achei ótimo ele cuspir no prato que comeu como um bicho, mas se a salvação vai vir de um cinema como Bodas de Papel, f-u-d-e-u, porque, contraditoriamente à afirmação, o filme do Daniel Sturm é a vitória da televisão e da linguagem novelesca. Surpresa maior ainda foi abrir a Revista Bravo! e ver uma recomendação bizarra ao filme. Confiram o link, o texto sério vale como piada. Também inventamos, dada a situação, o prêmio 'filme telecurso 2000', destinado, com unanimidade, a Brizola, tempos de luta, com menção a narradora promovida diretamente do telemarketing para as telas. E desculpa, mas o Cid Moreira lendo o direito de resposta já é fichinha vista, revista e marcada em tempos de youtube. Quem não viu pode até achar legal, mas que é batido é. Vale lembrar ainda que o Cine PE concedeu o prêmio Gilberto Freyre ao filme Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife, de Leo Falcão, patrocinado pela Fundação Gilberto Freyre. Podiam ter mudado o nome do prêmio pra ficar menos suspeito né?

Entre os curtas, o pior ficou com O Livro de Walachai, patrocinado pelo sonho Petrobras, mas que, pelo resultado final, deveria ter sido realizado sem recurso algum. A premissa da obra é interessante: uma cidade isolada do mundo que conserva sua história através de um livro manuscrito. Não é de premissas que se faz um bom filme, tanto que o desenvolvimento cai num tédio de entrevistas mornas, onde o livro termina ficando em último plano. A diretora disse ainda que iria tornar o curta, um longa metragem. Prefiro que não. Em segundo lugar ficou 'O Filme do Filme Roubado do Roubo da Loja de Filmes', uma piada carioca sem graça filmada pelo celular (e que, claramente, se vale do meio de registro como justificativa). De fato, o Cine PE 2008 valeu muito mais pelos curtas, tanto que foi até difícil elencar os 5 piores e colocá-los em votação. Ao contrário dos longas, que por conta da exigência do ineditismo, se tornou uma mostra dos recusados dos festivais anteriores. O Cine PE deu um tiro no próprio pé, ou seja, promoveu-se de forma autônoma como um framboesa de ouro. Obviamente a tosca música-tema ajuda. Talvez nem fosse preciso criar esse prêmio aqui, afinal implicitamente ele já existe de maneira oficial. Em terra que Nossa vida não cabe num Opala ganha vários prêmios, temos uma noção do deserto da concorrência. O deserto do cinema. Pior é que é um ruim que nem traz a risada, sabe? Fica uma cara de abuso. Daí, acho sensacional a história de 3.000 pessoas numa sala, pros realizadores deve ser realmente emocionante, mas o comportamento da platéia é insuportável. Tem algo mais brega do que ficar tirando fotos no meio do filme? Teve um cara que se revoltou e pediu pra pararem os flashs no meio do filme. Os flashs continuaram. Daí o cara chamou de filhos de uma puta o grupo de jovens se deliciando nos flashs. A resposta veio na forma de mais flashs e eu pedi aos céus que o cara ficasse mais revoltado e partisse pra porrada ou ao menos roubasse a câmera. Queria alguma movimentação. Ele se calou. Percebeu que era minoria. Eu me sinto um pouco assim no Cine PE. A diferença é que ao invés de ficar olhando pra tela, a vontade mesmo é de ir embora.

domingo, 18 de maio de 2008

Lição número 1: usando meios escusos para fundar o amor.

Ontem saí de casa bem cedo, de manhã, dei comida para Dolores, a gata, fui ao cinema, não gostei do filme, fui jogar futebol, ganhei o jogo, fiz defesas sensacionais e estou na final. Daí pensei em passar na festa para tomar algumas cervejas e comemorar a vitória ou simplesmente tomar algumas cervejas sem motivo, mas decidido a voltar cedo para colocar comida para Dolores. Não voltei. Lá pras tantas, depois de grades de cerveja, de vodka, de pessoas dormindo por todos os lados, descolo uma carona super legal até o fim de mundo onde eu moro e começo a lembrar da gata. Provavelmente ela estava com fome e o leite já devia ter qualhado. No caminho, percebo que esqueci minha bolsa na festa, consigo falar com o dono da casa, não sinto falta de nada, só um livro e marco de ir pegá-la na segunda. Daí depois de um caminho com tremendas aventuras, comprei até um baguete, chego em casa e... percebo que a chave da porta estava na bolsa e a bolsa estava na casa do meu amigo. Quase que eu me jogo na piscina e esqueço que o mundo existe. A carona já tinha ido embora e eu fiquei fudidamente sozinho. Para me punir, resolvi ir andando, debaixo de uma puta puta puta chuva, de madrugada até a casa da minha mãe. O porteiro falou para eu deixar o celular com ele que era mais seguro, afinal "é o que geralmente os boys tão tomando dos outros por aí". Concordei. O trajeto era basicamente a Universidade Federal de Pernambuco. Como eles fecham os portões a partir de meia noite, sim, eu tive que pular a grade, ir andando naquele lugar inóspito, comer baguete, passar pelo laguinho do terror, pisar nas lamas do inferno e passar pelo buraco do bigode. Ninguém me importunou, ninguém me roubou, ninguém me estuprou e finalmente cheguei em casa. Ensopado. Graças a Deus minha mãe estava na praia e entrei sorrateiramente. Dormi na cama do meu irmão esperando que minha gata não morresse de fome. Acordei às 09:00 em ponto, peguei o carro (estava sem habilitação, pois minha carteira estava na porra da bolsa), fui na casa do meu amigo, peguei a bolsa, voltei louco pra casa, passei antes na padaria, peguei meu celular, cheguei na frente da porta vermelha da minha casa e comecei ouvir o choro da gata. Tadinha, mas ao menos estava viva. No começo da história, fiquei super noiando que ia abrir a porta e ter um cadáver de uma gata de três meses na minha sala. Acho que Gabriela ia me expulsar de casa na sequência. Daí eu dei comida pra ela, botei leite, troquei a areia, fiz carinho, chamei de fofinha, brinquei, assistimos filme juntos e simplesmente percebi que tudo isso foi ótimo para nossa relação. Meu olhar felino foi atiçado na hora.

Tudo não passou de um grande golpe: quem apareceu pra dar comida, leite e afeto quando Dolores estava nas últimas morrendo de fome? Eu. Genial. Como não tinha pensado nisso antes? Foi ótima essa estratégia de fazê-la passar fome, achar que estava sozinha para sempre e depois chegar com a comida e com a simpatia na ponta dos dedos. Funciona totalmente. Se ela já me amava muito e tinha me escolhido como favorito, imagina agora. Tudo bem, é recíproco, mas recomendo do mesmo jeito.

Agora ela está ali, toda encolhida, na frente do ventilador, viva e num sono profundo pós refeição.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Propaganda

Queria que o corredor leste oeste fosse igual ao da propaganda da Prefeitura do Recife. O ônibus pára, o motorista sorri, só tem você na parada, não tem outros ônibus, não tem carro, não tem trânsito, não tem ninguém andando nas calçadas, se brincar a passagem é mais barata e claramente é um belo domingo de manhã. Para não dizer que o corredor leste oeste simplesmente não funciona, pois é, ele funciona no domingo de manhã. Acho que faltou um pouco de humildade no tom, afinal um discurso mais ameno e menos eufórico, tornaria a simples propaganda menos cara de pau.

Adoro o efeito reverso da publicidade.

terça-feira, 13 de maio de 2008

ai ai

Só queria dizer que o corredor caos-do-caralho leste-oeste continua sem funcionar. Ontem, dia pesado de chuva, passei meia hora contada da Guararapes até as mediações do Shopping Boa Vista (por volta das 18:00). E, por favor, não usem a situação atmosférica, nem o horário ingrato como justificativas. Não funciona. Fiquei até um pouco triste, porque o problema viário da cidade só tende a piorar em passos largos. Mas até que a demora não foi de todo ruim, pois um dos passageiros mais exaltados, um senhor idoso levemente gago, esbravejou que os estudantes precisavam se juntar, porque esse era o momento de quebrar tudo. Quebrar todas as paradas, tocar fogo nos ônibus e, por fim, jogar João Paulo no canal da Agamenon. Fiquei de cara com o tom 'independência ou morte' do discurso, mas ninguém estava o levando muito a sério. Só eu, o motorista e o cobrador batíamos palma e dávamos apoio moral.

Daí, percebendo a descrença geral e não contente em ser um movimento de minorias, o senhor olhou transtornado para parada e viu um rapaz com uma camisa da EMTU, tentando, sem sucesso, organizar o trânsito. O resto vocês imaginam. Só não chamou de bonito, mas o resto. O melhor é que o cara da EMTU não teve nem como fugir. O trânsito não andava.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Lembrança do Carnaval

No último dia de carnaval, almocei em alguma das ruas dos quatro cantos e, já fim de tarde, resolvi subir a ladeira da misericórdia, Deus sabe lá porque, pra ir até a Sé. Acontece que no meio do trajeto, cansado da subida, do carnaval, do bobó de camarão, encontrei uma bandinha, num palco naturalmente torto, fazendo cover com sotaque estranho de todos os hits da manguetown. Quando cheguei lá em cima, sentei, acendi um cigarro e fiquei escutando a bandinha tosca e observando a platéia mais fim de carnaval do meu Brasil. Era bêbado pra cá, bêbado pra lá, super-herói e papangu. Acho curioso o senso de diversão em dias de carnaval, em especial no final da tarde da terça feira de carnaval. Tudo que faz barulho é virtuose e tudo que tem boca e mexe os bracinhos, uma possível paquera. Em dado momento, o vocalista resolveu apresentar os integrantes daquela confusão e, ao fim, falou que eles eram de Minas Gerais e que amavam Pernambuco, a terra da massa, o leão do norte. Pontes, rios e overdrives impressionantes esculturas de lama. Mangue, mangue, mangue, mangue. Sério, baixava nele personalidades diferentes durante a apresentação, daí uma hora era uma mistura de Lirinha e Lenine cachacinha mineira, outra hora Chico Science e Fred 04 queijo minas. Tirando a parte que a banda não sabia tocar, que o vocalista não sabia cantar e que só restava barulho daquela bandinha punk que nunca deveria ter saído da garagem, isso me lembrou quando eu estava em São Paulo e uma menina, ao perceber que eu era daqui, começou a tecer mil elogios, do sotaque até chegar num nível terra mítica, maravilhosa, inundada, afogada, alagada de uma cultura naturalmente cult. Ser de Pernambuco é cool. Daí lembrou músicas, artistas, filmes, quis saber do carnaval, de Olinda, do sertão idílico, das fantasias, das ladeiras, das festas, da noite, da movimentação cultural incessante, do movimento indie e quis cantar juntinho. Foi tanto ufanismo que a minha primeira reação, vaidosa talvez, foi mentir um pouco, tornando a idéia dela mais ufanista ainda. Virei o próprio guia prático, exagerado e final feliz pra cultura popular - agora massificada - da cidade do Recife. Um maracatu pra cada rua. Centros culturais pipocando por todos os lados. Frevo, frevo, frevo. Uma bandinha em cada supermercado. Vários cinemas alternativos. Leis de incentivo que é uma beleza. As pontes são lindas (e são), o chão é limpo e não temos trânsito. Soube que essa menina chegou a vir ao Recife, mas não tive muita cara de encontrar com ela. Melhor que a pernambucanidade pernambucana é a pernambucanidadeew estrangeira. Daí a galera vem pra cá, faz o curso de pastor - ou vira um cético legal, passa dois dias em Caruaru e diz que conheceu o sertão e volta para o seu fim de mundo, com a força da palavra. Novos totens com a imagem velha, cansada e clichê são erguidos todos os dias nos quatro cantos dessa país.

Pernambuco é meu pastor e nada me faltará.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Mudança

Rodrigo diz:
olha

Rodrigo diz:
oficialmente vou morar com gabi

Rodrigo diz:
me mudo amanhã

carolina diz:
:O:O

carolina diz:
já?!

carolina diz:
quebrasse o barraco na tua casa e tá saindo que nem aqueles pirralhas?

Rodrigo diz:
não né

Rodrigo diz:
¬¬

carolina diz:
ahhahaha

carolina diz:
que bom

Rodrigo diz:
minha mãe já sabe q vou sair

carolina diz:
to feliz \o/

carolina diz:
muitas historias de orgias vão surgir

carolina diz:
vou me divertir mais ainda nessa vida

?

O que se pretende achar quando se procura no google "Disney sem braço sem perna"?

...

Eu fiquei imaginando que o cidadão ou cidadã estava procurando algum peixe, tipo Nemo, alguma cobra ou algum ser fantástico inventado que não tivesse membros, mas depois fiquei pirando que era um sádico psicopata em busca de fotos de acidentes no parque temático da Disney, onde criancinhas indefesas terminassem todas estrupiadas. Não posso saber o que ele (ou ela) queria achar, mas sei que a pessoa terminou chegando no Dissenso.

Como assim?

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Não recomendo

O Sistema Jornal do Commercio de Comunicação e Publicidade abriu uma promoção com o lema "encha a sua mãe de alegria, a cabeça de informação e o pé de conforto", onde você paga os olhos da cara, assina o JC + Veja e ganha uma havaiana, sendo que no lugar onde deveria ter escrito 'havaianas', tem escrito 'veja'. Pois é, você ainda paga por isso. Eu fiquei em pânico, imaginando uma nova moda e a Conde da Boa Vista tomada pelas sandálias 'veja'. Por favor, filhos do mundo, não façam essa presepada com suas mães. Elas não merecem, coitadas. Mas o que eu achei realmente engraçado foi que deduzindo a lógica da propaganda de forma primária, as sandálias são para encher os pés de conforto, a Veja é para encher a cabeça de informação (RÁ) e o JC para encher a sua mãe de alegria. Tirando o conforto da sandália e a informação da Veja, o primeiro aspecto não posso falar, mas o segundo é completamente irreal, até que o JC é uma alegria só mesmo: você lê e fica morrendo de rir. Por isso, eu assumo que tenho a assinatura com todo prazer.

Cultura Inútil

Achei a palestra do professor dinamarquês Norbert Wilderbuth - também professor de Harry potter em Hogwarts - um verdadeiro gato por lebre. Como no e-mail que recebi com resumo da temática havia um delineamento sobre ciberativismo, ciberprostesto, achei que ele ia debandar para o ciberativismo de fato, ciberterrorismo, pirataria e tal. Fui super empolgado esperando colher contatos de hackers, iniciativas desconhecidas e terroristas virtuais dinamarqueses ou europeus e de repente, quando me dou conta, o que está rolando era apenas um papo ONG, um caramujo acadêmico e a velha culpa européia pelo mundo subdesenvolvido. Tudo muito teó-ó-órico, o que, pra mim, soou muito mais passi-i-ivo. Além de que vamos deixar bem claro: exemplos com dados da Dinamarca, com vícios comportamentais dinamarqueses você aplica na Dinamarca e não pensa o mundo, como se o mundo fosse a Dinamarca. Se abrir a porteira geral, daqui a pouco neguinho está usando a Paraíba para explicar a revolução francesa.

Além de todo papo teórico de que a internet só está aumentando a desigualdade social (e ainda vou escrever um post exclusivamente sobre isso), que o mundo está uma merda e 'olhe aqui, eu apresento dados', na prática, o Norbert só mostrou um documentário C, feito por ele aqui no Brasil, com um som péssimo e com um garotinho da comunidade X que passava cerca de 8 horas na frente da televisão. Meu ovo inchou na hora. Graças a Deus, nem tudo foi merda. Entre o excesso de palavras sobre consumo passivo, o mundo dos coitadinhos contra a mídia baixo astral e todo blá blá blá falso moralista que condena a tecnologia por existir, o Norbert soltou uma coisa extremamente interessante. Acho que a palestra valeu só por esse momento. O que ele disse, dentro da discussão sobre o menino na frente da televisão, foi que, para ele - o menino, a cultura inútil era importante e funcionava como moeda social. E funciona total, não só para o garoto pobre, como para o acadêmico que fofoca nos corredores de comunicação, como para boa parte da população conectada ou desconectada. Cultura útil e a cultura inútil têm suas funções sociais. No mundo popular, temos a fofoca, a mentira, os jornais, as revistas e a televisão e na internet, temos tudo isso, mais o youtube, orkut, o fotolog, o vimeo, videolog, entre outros.

Eu não passo um dia sem a intimação, por parte de algum amigo, de um vídeo engraçado, que mais na frente funciona como moeda social numa festa qualquer ou numa conversa animada. Até porque nas festas que eu vou, o pessoal começa no Deleuze e depois desce até o chão - com Foucault ou sem Foucault. Então abri esse post só para colaborar com a cultura inútil de todos vocês, porque eu me preocupo com o nível cultural de todos e atualmente cada vídeo idiota vale R$ 5,00 em moeda social. Estou me sentindo o próprio tio patinhas se o tio patinhas não fosse um puta pirangueiro. Alguns clássicos.

[versão 2] berenice segura! [leila lopes remix sem música]



Narcisa Tamborindeguy no Amaury Jr. COMPLETO



Reconstituição do Caso Ronaldo com Travestis - Pânico na TV


domingo, 4 de maio de 2008

Oftalmologia

Acho que me apaixonei realmente pelo cinema quando, ainda garoto, o médico trouxe alguns exames e descobri que, a partir dali, só poderia enxergar através de lentes.

Marcha da Maconha

Quase que eu deixava essa passar. A justiça do nosso querido país proibiu a realização da Marcha da Maconha em 9 das 10 capitais brasileiras onde o evento aconteceria neste domingo (04/05) às 14:00 horas. A Marcha no Brasil faz parte de um circuito de manifestações, que também ocorrerá em 19 outros países (totalizando 220 cidades), para que seja aberto um debate sobre a legalização e usos medicinais e industriais da erva. Estou um pouco cansado de pensar sobre a justiça de nosso país, então vou enveredar por outro caminho menos crítico e mais eufórico.

Adivinha só em qual cidade brasileira a Marcha da Maconha está permitida? Re-ci-fe \o\, Re-ci-fe \o/, Re-ci-fe /o/. Fiquei tão orgulhoso dessa vez, mas estou receoso de como serão as manchetes de amanhã. Depois de Veneza Brasileira, podemos chamar de Holanda nordestina. Acho vanguarda e se não tivesse um milhão de coisas urgentes para fazer, estaria com certeza lá amanhã na Rua do Apolo com a minha máscara do Fernando Gabeira. Vale lembrar que, em teoria, é proibido levar maconha, mas na dúvida não esqueçam da seda.

ha-ha-ha

Último dia

Atendendo as minhas preces, chegamos ao fim de mais um Cine PE. Não deveria nem fazer o comentário a seguir, mas gostei muito dos dois curtas que eu vi nesse sábado, talvez por motivos mais pessoais que cinematográficos. Talvez nada. Com certeza. O que de certa forma é justo e não desmerece o prazer em si. O primeiro foi "Os filmes que não fiz" e rolou uma identificação de cara. O título é auto-explicativo e a minha vida de cineasta também. Senti todo sarcasmo e ironia caindo lentamente sobre mim e, quem diria, me fez um bem danado. Foi quase como expurgar alguns demônios em dez minutos. No entanto, o que realmente me veio na cabeça foi uma antiga definição que coloquei num blog meu ou mesmo no orkut. Era algo como 'as palavras antes das imagens e o silêncio antes das palavras. Ou tudo misturado num embrulho clandestino'. Acho que nunca me senti tanto um embrulho clandestino como nos últimos meses. Não penso mais em um campo absoluto, nem encontro sentido n'A arte, uma ou outra, mas nas artes, todas juntas, ao mesmo tempo, agora. O segundo curta-metragem, "Café com leite", era o bam-bam-bam do festival. Provavelmente o mais esperado por sua carreira internacional bem sucedida. Não posso esconder que também rolou uma identificação rápida, apesar de não tão profunda quanto a do filme anterior. De um lado da platéia, o 'owww que fofo', do outro 'nojento filho da puta'. Infelizmente o título não é auto-explicativo e nem sou eu quem vai explicar. Assistam. Ponto.

Foi uma pena que cheguei um pouco atrasado e perdi o Dossiê Rê-Bordosa, ou seja, perdi mais uma sessão de auto-explicação e identificação certa. E se brincar, a mais radical entre todas.

sábado, 3 de maio de 2008

Décimo Segundo

Na boa platéia do Cine PE, não entendi mesmo as vaias para Décimo Segundo, de Leo Lacca. Não que eu tenha gostado da obra e queira fazer uma super defesa aqui. Longe disso. Até achei Décimo Segundo um tanto chato e como sou uma pessoa enferma do pânico de semi-conhecidos ou reencontros forçados, achei muito óbvio o comportamento de ambos os personagens. Entretanto, reconheço não só uma proposta sincera, mas um punho de diretor que desafia a si mesmo naquele plano-sequência enorme de sei lá quantos minutos. Particularmente, prefiro a cena do elevador e contradizendo todos comentários, gostei bastante da fotografia, mesmo variando a todo tempo como samba do criolo doido. Ao invés de criticar como um erro técnico (e provavelmente é um erro), tomei essa variação como uma forma de revelar ao espectador, a dificuldade de se filmar naquela cozinha com tão pouco espaço, afinal a cena não é estática apesar de não sair do único cômodo. Há um movimento em pequenas medidas que me deixou um tanto bobo: tanto da câmera, como das personagens, como dos gestos dos atores. O diálogo - ou a tentativa de tornar o silêncio maior que as palavras - é o que não me convenceu e até entendo que deveria ser a maior sacada do filme. Apenas não me convenceu. De qualquer maneira, tenho, a priori, uma simpatia enorme por pernambucanos que seguem uma proposta mais particular, que vinculada a um desejo de reconhecimento através do exótico local. Leo Lacca é um deles e acho isso massa, só não gosto tanto de suas produções. Tudo bem: quando terminou o filme, me levantei e soltei um "que filme chato da porra!" (e aqui percebam a diferença, porque o chato não é necessariamente ruim).

Fiquei pensando que quem começou a vaiar foi a turma bumba-meu-ovo indignada pela falta de um caboclo de lança no elevador ou o próprio Leo Lacca sacando que a polêmica poderia lhe levar ainda mais longe. Aliás bora combinar que ser vaiado no Cine PE tem lá seu charme. Mas é incrível como o povo das palmas é tão influenciável, pois quando as vaias começaram, alguns pararam de bater as mãos e não duvido que outros tenham até começado a vaiar também.

Framboesa

Cansei do Cine PE, cansei de ver filme ruim e cansei de forçar uma escrita séria sobre algo que é tão ridículo. Resolvi ficar hoje em casa e abrir oficialmente o Prêmio Framboesa de ouro do Cine PE, afinal imaginei que apenas dessa maneira, teríamos uma mostra competitiva de verdade. Pensando bem, acabei de mudar de idéia: vou sim ao festival hoje, até porque tem um curta que quero muito ver, e aproveito para acolher sugestões e fazer propaganda das enquetes.

Amanhã posto os indicados e abro a votação.

Para sugestão de categoria ou para votar em alguma resposta não existente nas categorias já criadas, deixe um comentário.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Amigos de Risco

Acho que Recife precisa de mais Amigos de Risco.

Ps.: e nunca confundam Bandeira com Aragão.

Ocidente

Ocidente é um filme parnasiano: o velho belo com cheiro de 'arte-pela-arte-em-minha-última-viagem-pela-Europa'.