(Publicado originalmente no Filmologia)
Parecia que toda semana passava a chamada de Querida, Encolhi as Crianças – locutor berrando RICK MORANIS - e mesmo quando não arrumava tempo para assistir, dava um jeito de dar ao menos uma espiada depois da soneca, afinal quem nunca quis desproporcionalizar o mundo inteiro, especialmente vivendo uma aventura intensa sem precisar sair do jardim da própria casa? “Nós agora temos oito milímetros e estamos a vinte metros de casa, ou seja, estamos a 5km e cem metros de distância”. Essa frase resume um pouco o espírito da coisa, desse universo-engenhoca, que transforma um ambiente inócuo de nossas vidas, nosso jardim, numa espécie de floresta sagrada e misteriosa, dando uma nova dimensão aos encontros com formigas, biscoitos, abelhas, escorpiões e plantas. Entre uma ofensa infantil e outra, “adotado” ou “espero que seu rosto apareça na lista de desaparecidos”, os garotos terminam dormindo numa peça de lego azul. Mas o fato é que Querida, Encolhi as Crianças nada mais é que uma pequena fábula sobre o sentimento de invisibilidade dos filhos em relação aos pais: o primeiro casal simplesmente ignora a existência dos pequenos, o segundo vive de depositar suas frustrações sobre eles. Natural que desapareçam, vivam intensamente, conheçam o pesar da morte, os pais passem horas procurando com lupas e ao final, quando os infantes ressurgem, o final feliz vem no simples ato dos pais entenderem os desejos de seus filhos. Ele não é pequeno demais para o time de futebol, aliás, pouco importa o time de futebol.
Um comentário:
Interessante sua leitura. Faz anos que não vejo este filme mas, junto com Olha Quem Está Falando, Os Caça-Fantasmas II e Três Solteirões e Um Bebê, ele compôs o repertório dos filmes mais reprisados da minha infância. Boa lembrança.
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