quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Do além

Quando eu vi Medos Privados em Lugares Públicos (tradução inspirada do título original 'Coeurs' - literalmente 'Corações'), durante a Retrospectiva 2007, pensei que se encontrasse o Alain Resnais e um tradutor provavelmente não iria me controlar:

"Eita... olha só quem ta acenando para o senhor ali, o Bergman e o Antonioni. Vai lá, vai".

Vamos combinar que aquelas passagens de um núcleo de personagens a outro marcadas por flocos de neve caindo, e usadas exaustivamente no decorrer de todo o filme é a ideia de transição mais brega que vi no cinema no ano de 2007.

¬¬

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Sonho

Sonhei que comprava uma câmera e um chicote.

Fundarpe 3

E depois de toda confusão na Fundarpe, acordei de péssimo humor, com uma rinite destrutiva, espirrando a cada 40 segundos e desisti de inscrever a porra do projeto. Na verdade já tinha desistido na noite anterior, mas pensei que uma boa noite de sono podia me fazer mudar de idéia. Acordei as 04:15, morrendo de frio (definitivamente não posso dormir no ar condicionado), com um ódio imenso de orçamentos, estratégias de planejamento, justificativas e objetivos. Tudo que em teoria deveria estar fazendo. Liguei o computador e fui revisar meu texto sobre Cantando na Chuva cheio de idéias.

Putz... escrever sobre cinema durante o amanhecer é um tesão.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Fundarpe 2

Pra não falarem por aí que só faço criticar e girar minha metralhadora para todos os lados, preciso contar que depois do fora da mulher que desligou na minha cara dando histérico, liguei pro rapaz anterior a ela, um rapaz simpático que riu da falta de educação de sua colega e super prestativo anotou meu celular pra quando alguém realmente informado chegasse, me ligasse na sequência. Cerca de meia hora depois, Carla Francine me ligou com uma educação ímpar - digamos, totalmente oposta à da mulher que gritou comigo - e tirou minha dúvida em um segundo com total firmeza.

Não à toa ocupa um cargo de confiança.

Minha dúvida era: Como faço para tirar o documento de regularidade da divisão de contas (SEFAZ - SIAFEM)?. Ela respondeu: esse documento foi extinto do edital.

Agradecido.

Devia ter mais Carlas Francines na Fundarpe.

Fundarpe

Esse povo da Fundarpe é meio estúpido né?

Aí eu ligo pra lá no número 81 3134-3000 disposto no site e falo que tenho uma dúvida sobre o edital do audiovisual. Um não sabe, chama o outro, o outro não sabe, chama o outro, o outro não sabe, chama o financeiro. O cara do financeiro assume que ali ninguém sabe e me dá o número 3134-3076 supostamente da gerência de audiovisual. Ligo as 09:00h e chama, chama, chama e ninguém atende. Ligo as 10:00h e um cara me atende simpaticamente e logo fala que não é com ele e repassa o número 3134-3074. Antes de desligar, aviso que já falei com metade da Fundarpe e que ninguém chegou a escutar sequer minha dúvida. Ele diz preu ligar pro número que ele deu, que quem atendesse ia me responder com certeza. Ligo. Atende uma mulher e eu digo que tenho uma dúvida sobre o edital de fomento ao audiovisual e ela diz que não é com ela e ponto. Aí eu digo que já fui repassado de um lado pra outro e ninguém sabia de nada do edital e continuaram repassando até que cheguei nela com a promessa que minha dúvida seria tirada.

Daí a mulher surtou e começou a gritar "SE FOSSE DA MINHA ÁREA, EU SABERIA, EU SABERIA, VIU MEU FILHO" e desligou lindamente na minha cara.

ô simpatia. ô falta de informação. ô serviço público.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

HAHAHAHAHA

Soube que a Preta Gil ficou puta porque quando vc procurava no google "atriz gorda" aparecia "Experimente também: Preta Gil".

Mas agora não ta rolando mais, porque ela acionou o google e teve uma repercussão, de modo que hoje se colocarmos "atriz gorda", não aparece o sensacional "experimente também: Preta Gil", mas os 20 primeiros resultados fazem referência direta à ela.

Mas nesse história toda só não entendi uma coisa: desde quando ela é atriz? o_O

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Piores

Saiu o resultado do framboesa de ouro, porque se logo mais você vai saber quem são os winners do mundinho hollywoodiano, é bom já ir sabendo quem são os losers.

Língua

Ultimamente tenho gostado do inglês falado por mexicanos ilegais, do inglês cheio de gírias fofas de adolescentes grávidas, do inglês puramente texano, do inglês com ares psicóticos e do inglês entupido de sotaque russo.

A Cultura Inglesa não ta com nada.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Dedo-duro

Aí saiu uma matéria no JC de hoje falando que o 'Deu Bode' foi advertido pelo Ministério Público do Trabalho por fumar... aí no meio do texto tem dizendo que "Reportagem publicada pelo JC no dia 14 deste mês denunciou que dois clientes fumavam ao lado dos garçons, a despeito da lei federal".

Na minha época o nome disso era dedo-duro... e ia pro saco.

Pois quando eu vejo alguém fumando em algum lugar proibido, principalmente quando é um desses estabelecimentos grandes com a maior inhaca de família entupida dos bons valores fico rindo sozinho "vai fuma mais, vai fuma mais, vai fuma mais".

Ultimamente ando pensando nas pessoas que jogavam no bicho, acendiam seu cigarro e iam beber nos bares beira de estrada da vida. Vai ter que jogar golfe porque o bicho ta proibido, não pode fumar no bar e... ops, nas estradas ta rolando a lei seca.

Tira bebida, tira o cigarro, tira o bicho, tira o DVD pirata... e viva a noia do meu mundinho perfeito. Só fico pensando que as questões realmente importantes são ocultadas o tempo todo. Esperemos a reação... dedos vão rolar.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Nome

Velhos Hábitos quase foi Velhos Hálitos.

Mas só por hoje.

Puro alho.

Di Cavalcanti (Brasil, 1977), de Glauber Rocha

google

O google podia ser um pouquinho mais esperto e criar uma maneira de, a partir da temática de suas pesquisas anteriores e dos links que você clica, delimitar inicialmente as suas próximas buscas, trazendo para cima as possíveis respostas para você e seu perfil.

Sei que a tendência é totalmente essa, mas queria algo ainda mais personalizado e tal.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Praticidade

ai ai

devia ter uma creche, orfanato ou maternidade ao lado de todo banco, pois admito que sempre que to com uma conta pra pagar diante de uma fila de 50 minutos ou mais, fico pensando em promoções lindas como "leve uma criança para tomar sorvete e ganhe fila preferencial no pagamento da sua conta d'água".

Hey there, big puffy version of Junebug!

Juno é o filme fofo adolescente com mais referências Pop por fotograma por segundo.

Indie a perder de vista...

Juno
Tamanho: 63,1 Mb

01 - Barry Louis Polisar: "All I Want Is You"
02 - Kimya Dawson: "Rollercoaster (Juno Film Version)"
03 - The Kinks: "A Well Respected Man"
04 - Buddy Holly: "Dearest"
05 - Mateo Messina: "Up the Spout"
06 - Kimya Dawson: "Tire Swing"
07 - Belle & Sebastian: "Piazza, New York Catcher"
08 - Kimya Dawson: "Loose Lips"
09 - Sonic Youth: "Superstar"
10 - Kimya Dawson: "Sleep (Instrumental)"
11 - Belle & Sebastian: "Expectations"
12 - Mott the Hoople: "All the Young Dudes"
13 - Kimya Dawson: "So Nice So Smart"
14 - Cat Power: "Sea of Love"
15 - Kimya Dawson and Antsy Pants: "Tree Hugger"
16 - Velvet Underground: "I'm Sticking With You"
17 - The Moldy Peaches: "Anyone Else but You"
18 - Antsy Pants: "Vampire"
19 - Ellen Page and Michael Cera: "Anyone Else but You"


http://rapidshare.com/files/84634810/Juno_Soundtrack.zip.html

sábado, 16 de fevereiro de 2008

o_O

Tropa de Elite ganhou o Urso de Ouro. Quem diria...

Ok, to oficialmente de cara, apesar do marketing 'thriller político' adotado na divulgação do filme no festival, seja extremamente inteligente quando a comissão é presidida por alguém como Costa-Gavras. Não estou desmerecendo o filme (ou talvez até esteja), mas desde antes de seu lançamento, 'The elite squad' já deveria ter recebido vários e vários prêmios relacionados a divulgação, marketing, propaganda, publicidade, embalagem do produto porque não existe uma produção especialista nestes quesitos quanto essa. Fica parecendo que pro mercado e pro mundo esses são os pontos mais importantes da cadeia produtiva cinematográfica - o que pra mim, particularmente, parece um perigo.

Agora com o apoio do nada poderoso e influente produtor Harvey Weinstein, nosso valente filminho brasileiro vai estrear nos cinemas norte-americanos em março e provavelmente deverá concorrer nas categorias principais do Oscar em 2009.

Pois é... como diria o Capitão Nascimento na versão Tio Sam: 'ask to quit'.

Desktop

Pois é, minha inspiração diária nas últimas semanas.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Vingança

ho ho ho

Mr. Vingança e Lady Vingança agora em DVD.

E quem achou que eu ia comentar algo sobre o filme V de Vingança vai lamber chão ali, vai.

Operação apreende dez mil CDs piratas no Sertão

Uma operação da Polícia Civil apreendeu cerca de dez mil CDs piratas em sete cidades do Sertão pernambucano. A ação, deflagrada na última segunda-feira (11), contou com a participação de 15 policiais civis e aconteceu nos municípios de Custódia, Araripina, Trindade, Verdejante, Serra Talhada, Salgueiro e Parnamirim, até essa quinta (14).

Os produtos ilegais foram apreendidos em feiras de rua e locadoras das cidades. Ninguém foi preso. Essa foi a primeira operação da Delegacia de Repressão e Combate aos Crimes contra a Propriedade Imaterual no Interior do Estado.

Poxa, acho isso super super triste. Minha gente, esse povo passa dificuldade pra conseguir comer, vocês acham realmente que eles vão ter dinheiro pra pagar 20 / 30 reais num produto cultural original? Quando o Governo brasileiro vai entender que o Brasil é um país de terceiro mundo fudido... Muito fácil condenar a pirataria de dentro de uma jacuzzi, bebendo champagne, esperando a manicure e choffer.

O Pátio (Brasil, 1959), de Glauber Rocha

Parte 1




Parte 2

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Dois trechos

Dois trechos retirados do Jornal do Commercio, numa matéria de Kléber, sobre a coletiva de Madonna no lançamento de primeiro filme, Filth and wisdom, no Festival de Berlim.

"Madonna disse que o filme seria originalmente um curta-metragem de 20 minutos, mas que o interesse e o amor pelos personagens fez expandi-los. Disse ser fã do cinema de Godard e um jornalista francês armou pergunta esperta, perguntando se ela pediu opiniões e auxílios a amigos cineastas, ou se ela teria embarcado nessa experiência “like a virgin”. “Não achei nem tão esperta assim sua pergunta” (para combater as gargalhadas que vieram segundos antes), e concluiu dizendo que pediu, sim, opiniões a amigos. “... Mas no final das contas, você entende que opinião é como cu, todo mundo tem um e lhe resta fazer você mesmo o que acha melhor”.

...

"Ainda sobre idade, foi perguntada se hoje casada e com filhos, arrepende-se de visuais passados como o de Erotika, lembrado pelo próprio filme. “Eu não sei quem lhe falou que pessoas casadas e com filhos abandonam o sexo e o erotismo, a aura Erotika. Você é casado, meu filho?’”, devolveu para o jovem jornalista escandinavo, que respondeu: “Er... não, solteiro”. “Quando estiver casado, conversamos”, disse Madonna."

Quanto bom humor, Deus. Fiquei agora me perguntando como funcionam essas coletivas em grandes festivais de cinema, como são escolhidas as perguntas, porque geralmente quando os jornalistas brasileiros fazem referência à elas, sempre falam das perguntas e respostas dadas aos escandinavos, americanos, franceses... mas e aos brasileiros? O Luiz Carlos Merten e o Kléber Mendonça filho estão por lá... e realmente acho interessante que eles falem da coletiva como um todo, mas fico me perguntando quais foram as suas próprias perguntas... ou se realmente, por opção, só ficaram como observadores ocultos registrando o acontecimento, sem interesse no envolvimento. É uma dúvida.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Documentário - Rogério Sganzerla (1966)

Bizarros

Deixei de comentar alguns lançamentos imperdíveis.

Parece mentira, mas o projeto Teeth realmente vai ser uma história de terror onde a assassina é uma vagina dentada (tipo... literalmente dentada), mas ainda não sei se vamos ter a sorte de ver este super lançamento trash nos cinemas daqui.

Teremos também nesse ano The Smurfs versão 3D o_O - fico imaginando que na sequência vão querer lançar os Smurfs em live action ou algo freak como a história de um grupo de amigos que se fantasiam de smurfs e vão tomar chá de cogumelo no meio da mata, onde encontram uma criatura conhecida como smurfete. Eu sei, sou ridículo mesmo, mas bora combinar que essas retomadas, remakes de desenhos antigos é um poço de falta de criatividade.

Tudo bem que se fosse Cavaleiros do Zodíaco em live action ainda tinha chance de vir algo interessante, com efeitos legais... uma chance em mil, mas uma chance. Sem contar que nunca fui da turma que curtia muito os smurfs. Eles são criaturas fofinhas demais, tão fofinhas que dá vontade de pisar um por um. Nessa onda de live action, acabei de lembrar que o super clássico do anime Akira vai ser refilmado com pessoas reais por Hollywood em Live Action... fico sempre muito receoso com esses projetos ocidentais. De qualquer modo, há uma chance em mil, mas uma chance.

Continuando... não posso deixar de lembrar de Phantasmagoria: The Visions of Lewis Carroll, escrito e dirigido por ninguém menos que Marilyn Manson (e depois de sua participação especial em Party Monster ficou evidente todo seu apelo cinematográfico... :P). Essa produção se revela uma versão sobre a criação do livro Alice no País das Maravilhas, mostrando o processo criativo de um escritor recluso, Lewis, obcecado por uma garotinha-assombração chamada Alice... e Marilyn Manson vai interpretar a própria Alice. hahahah. É mentira essa última parte... Marilyn vai ser o Lewis Carroll mesmo.

Por fim, temos Sacha Baron Cohen, o nosso amigo Borat ou Alfredo Pirelli, na sua participação especial em Swenney Todd, trazendo uma nova personagem: Brüno: Delicious Journeys Through America for the Purpose of Making Heterosexual Males Visibly Uncomfortable in the Presence of a Gay Foreigner in a Mesh T-Shirt. Pois é... já to com bom humor por antecedência.

Depois vou perguntar ao oráculo atual sobre os lançamentos realmente undergrounds que isso ta muito americanizado... mas agora, agora eu vou é pra praia.

Nerd tabacudo mongol

Eu sei que está chegando o novo dos irmãos Cohen, o novo do Paul Thomas Anderson, o novo do Michel Gondry, o novo do Ang Lee, com atuação do Tony Leung; também sei que logo vai ser lançado o filme americano do Wong kar-wai, o terceiro filme 'inglês' do Woody Allen, com Ewan Mcgregor, a versão americana de Funny Games, dirigida pelo próprio Haneke com Naomi Watts e Tim Roth, além da adaptação feita pela própria Marjane Satrapi de Persépolis e a volta de Guy Ritchie ao submundo londrino. Eu sei que logo mais vai estar nas telas o novo Batman, o novo Indiana Jones, o novo Tarantino que eu ainda não vi, o tão falado I'm Not there, cinebiografia do Bob Dylan, o novo do Francis Ford Coppola, a estréia no cinema de Nancy Oliver, uma das roteiristas de Six Feet Under, a estréia de Charlie Kaufman na direção, dirigindo logo Phillip Seymour Hoffman, o claramente maconheiro Pineapple Express além da adaptação de Ensaio sobre a cegueira, por Fernando Meireles ou mesmo os nacionais, Cleópatra, do mestre Bressane e até Amigos de Risco, do Daniel Bandeira e Crítico, do KMF... entretanto o filme mais tabacudo, ruim e nerd que estou esperando pra ver se chama 'fanboys'... e só espero dar duas ou três risadas e me sentir completamente ridicularizado. \o/

Segue a sinopse: "O filme se passa no final de 1998, seis meses antes da estréia do Episódio I de "Guerra nas Estrelas", quatro amigos amigos partem, de carro, de Ohio a São Francisco para tentar roubar uma cópia do filme. A intenção é satisfazer o desejo de um amigo moribundo de conferir o desenrolar da saga antes de morrer. No caminho até a sede da LucasFilm, os quatro enfrentarão muitos problemas para cumprir a sua missão, incluindo um grupo de trekkers (fãs de "Jornada nas Estrelas") bastante estressado".

O trailer mongol mongol mongol (é realmente mongol):



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Rapidinhas

I

Depois de trabalhar com metade do elenco de Harry Potter no mesmo filme (Alan Rickman / Snape, Timothy Spall / Pedro, Helena Bonham Carter / Bellatrix) bem que o Tim Burton podia dirigir os dois últimos produtos da franquia - ok, isso é praticamente impossível afinal apenas o diretor do último ainda continua em aberto, semi-aberto, digamos. De fato, não sei se ele iria aceitar, não sei se ele já negou, mas acho que ele materializa universos sombrios e fantásticos como ninguém. Boa parte dos filmes de Burton tem uma estrutura de fábula-aventura melada de sangue, o que em teoria Harry Potter deveria se firmar em todos os seus capítulos. Convenhamos que enquanto realização cinematográfica essa franquia nunca passou do medíocre. Acho que JK Rowling devia ter exigido a presença do Tim Burton ao menos no primeiro. Todas as personagens iriam ser tão mais freaks e legais. Caso ele negasse, pegava a equipe como bem fez o ótimo Desventuras em Série... um filme e uma série de livros para crianças inteligentes.

Entretanto, não gostei de Sweeney Todd, filme mais recente do diretor em questão, e assumo que, em parte, pela antipatia com musicais. As produções desse gênero precisam realmente me impressionar muito para causar algum efeito. E apesar de algumas letras interessantes; das canções serem bem introduzidas na narrativa, até causarem tensão ou reforçarem um humor negro, os atores novatos são todos detestáveis, detestáveis, detestáveis e as coincidências do roteiro chegam a ser irritantes. Óbvio que a direção de arte, fotografia e o trio Depp-Helena-Burton estão perfeitos, mas isso é geralmente inquestionável em seus filmes, então vamos nos poupar. Definitivamente prefiro o Burton escuro escuro escuro, como ele sempre é, mas também o prefiro menos cantante e saltitante e, contraditoriamente, menos sangrento. Parece que essa afetação fantástica fábrica de chocolates colou e não passa mesmo com todas as mortes.

Para mim, desde 1994 quando realizou Ed Wood, Tim Burton só produziu um filme realmente genial: (Big Fish, de 2003). Ainda vou escrever um texto grande sobre essa película no Dissenso, porque apesar de entender a legião de fãs desse diretor, não me deixo atrair por qualquer peido escuro que ele solta (referência direta ao desnecessário remake de Planeta dos Macacos) e acho importante destacar o que realmente acho válido em sua filmografia. Sei que muitos discordam desse meu reducionismo. Não ligo... Mas Burton-genial para mim é resumido em: Vicent; Os Fantasmas se divertem; Batman; Edward Mãos de Tesoura; Ed Wood e Big Fish. O Estranho Mundo de Jack ele não dirigiu, mas é sua criação e também acho foda. Fora esses dou algum crédito à Batman - retorno, A Fantástica Fábrica de Chocolates e à Noiva-Cadáver. Mas deixemos o passado. Entre seus futuros projetos, sei que o Burton está produzindo uma versão em animação stop-motion para o seu média Frankenweenie (que nunca vi); além de sua própria versão para Alice no País das Maravilhas, cujas filmagens começam agora em maio. Entretanto, o que me parece mais promissor - isso soando quase como uma aposta - é um projeto chamado "The Spook's Apprentice". Segue a sinopse: "Thomas Ward is the seventh son of a seventh son and has been apprenticed to the local spook. The job is hard, the spook is distant, and many apprentices have failed before him. Somehow Thomas must learn how to exorcise ghosts, contain witches, and bind boggarts. But when he is tricked into freeing Mother Malkin, the most evil witch in the country, the horror begins...". Vamos esperar uns 2/3 anos...

II

O outro filme que assisti hoje foi Cloverfield - Monstro. Não se enganem, apesar dessa minha carinha de cult rato de cinema de arte, adoro essas produções com super efeitos, explosões, destruição. Só pra vocês sentirem o nível: em 1999, aos 14 anos fui pra pré-estréia do Episódio 1 de Star Wars na madrugada de natal, depois de passar... sei lá... dois anos, louco por esse lançamento. Sempre lembrando que blockbusters são a maior diversão... ou ao menos deveriam ser. Mas voltando a Cloverfield, sentei na cadeira e esperei mais um Godzilla destruir Nova York: "ok, estou aqui para ver americanos mortos", mas terminei vendo muito mais que isso. Infelizmente não posso contar o motivo desse mais, porque foi uma surpresa extremamente agradável de se ver desde o início e de acompanhar todo processo. Quase no nível de assistir O Hospedeiro, esperando o Godzilla e ver aquele filme coreano mutilfacetado que consegue ser todos os gêneros em um só - todos bons, um único excepcional. Aqui, entretanto, a surpresa é outra: e incrível como a platéia acostumada à uma estabilidade de câmera hollywoodiana, não tenha se incomodado tanto com a quebra desse estigma. Óbvio que uma série de produções anteriores, inclusive de outros países e do próprio Brasil, são responsáveis por isso.

Por conta dessa surpresa, o filme me causou uma sensação próxima de quando cheguei em casa no dia dos ataques terroristas de 11 de setembro - ataques esses altamente referenciados ao longo de todo filme. É incrível ver pela TV algo inacreditável daquele porte em tempo real: o ataque ao world trade center é realmente o meu maior exemplo. Ainda me lembro do choque de ver as torres caindo - fiquei gritando pra minha mãe ver até ela responder que já era reprise e que a outra torre ia cair também. Segundo ela, eram os chineses atacando. Trata-se de uma questão do momento de um ataque, de ninguém saber de nada, de não saber de onde veio e de não mostrar uma solução. O velho friozinho da incerteza daquele e somente daquele instante. Depois de anos, tudo se soluciona, entre mentiras e verdades e aquela sensação do momento desaparece. Cloverfield trabalha com o desespero e a falta de informação do tempo real de uma maneira surpreendente. Lembro também de imagens da guerra da Bósnia quando jornalistas entravam ao vivo e eram alvejados no meio da transmissão. Para quem pensava encontrar mais um Godzilla chato, acho que terminei, como li numa crítica do Omelete, encontrando um Tubarão blair. Sem exagero e com algum humor negro.

Também pensando nessa mesma crítica do Omelete, discordo quando o Marcelo diz que duas produções são necessariamente diferentes por conta de seus custos, quando uma custa 30 mil e a outra 30 milhões. Sinceramente, acho que esso é o último critério que levo em comparação entre filmes. Por fim, só queria considerar mais duas coisas. A primeira é que esse pessoal dos seriados tem mesmo que começar a se aventurar no cinema. Cloverfield foi produzido por JJ Abrams, escrito por Drew Goddard e dirigido por Matt Reeves. Os dois primeiros estão envolvidos respectivamente em Lost e Alias como criador/roteirista e produtor e o terceiro é o criador/roteirista de Felicity. Acho que além de terem uma afinidade na introdução de novas tecnologias (e consequentemente novas formas de registro fílmico), na própria intimidade com a geração youtube, esse pessoal conseguiu fazer no cinema algo bem próprio do cinema - planos longos - de uma maneira muito particular. Em O Hospedeiro também tem isso dos planos longos diferentes, também distintos dos daqui. Além de que, a maneira como o flashback é inserido dentro do filme é particularmente genial. Longe de todo aquele lenga lenga de lembrança bem demarcada já clichê por demais. Pra mim, isso faz desse pessoal muito mais moderno que os que ainda estão na vibe Godzilla, Independence Day e tal tal tal tal que já deu e deu muito mal. A outra coisa que queria dizer é como esses criadores sabem lidar com personagens, a partir do processo natural de identificação, já que essa característica é essencial na permanência/sucesso de qualquer seriado. O início é primordial pra que se estabeleça essa relação, mas é durante o desespero que ela se aprofunda. Hitchcock é mestre nisso. Acho que eu até veria de novo esse filme, mas agora que soube que vai ter uma continuação, acho que vou esperar... e provavelmente me decepcionar. hahaha


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O Carnaval e horror nacional

Apesar de gostar de carnaval desde pequeno, nunca tinha saído nas ruas vestindo qualquer espécie de fantasia. Esse ano resolvi, já no caminho para Olinda, criar uma máscara feita de manga de camisa. Um furo para cada olho e um rasgão da boca ao nariz. Uma máscara feita de resto de fantasia dos outros. Ok, convenhamos que a máscara ficou super trash e feia, mas e daí? Até então algumas pessoas olhavam apenas com certo receio pra mim, talvez desconfiadas com o fato de eu poder fazer qualquer coisa sem ser reconhecido. Entretanto, a grande maioria em Olinda, nem ligava pra quem tava de máscara, quem não tava, quem tava nu, quem era o homem aranha, nada. Todo mundo tira onda com todo mundo, fica todo mundo muito bem e ponto. Me chamaram de super herói quando um bloco passava aqui e de mordedor de OB quando outro passava por ali. Essa despreocupação total naquele calor dos infernos me fascina.

Foi então que resolvi turbinar quando a tarde veio chegando e fui embora das ladeiras pan pan pan panranran: além da máscara, acrescentei uma peruca loira de cabelos longos e um óculos escuro estranho. Ok, agora ninguém me reconhecia mesmo e já no Recife Antigo percebi como as pessoas ficaram realmente incomodadas com essa fantasia. Eu tava lá na minha no Quanta Ladeira dançando, rindo, bebendo, fazendo mal a ninguém. Então recebo uma ligação de uma amiga assustada gritando: "Rodrigo, tira essa máscara agora e joga fora... ouviu? tem um cara que ta te confundindo com alguém e ta atrás de tu". Tirei a máscara, a peruca e os óculos e óbvio que não joguei fora - só fiquei imaginando que me confundiram com alguém que fugiu do Cotel. Pois é, sem saber passei momentos de tensão e aventura, sendo caçado entre os prédios históricos do Recife Antigo pan pan pan panranran. Tudo isso só porque usava uma máscara bizarra, super freak. E já que eu to escrevendo aqui, vocês podem pressupor sozinhos que, dessa vez, o caçador não teve sorte. De qualquer forma, a partir do momento que tirei a máscara, a caçada foi finalizada. Quem correlacionaria Rodrigo Almeida com aquele diabo loiro demoníaco? Cybele, shiu.

Foi então que não contente com essa interferência arrumei na mesma noite outra máscara. Quer dizer, uma fantasia. Coloquei um óculos vermelho e um batom borrado na cara tipo Coringa Ledger. Sim, já era de noite. Novamente todos comentaram que minha fantasia tava muito assustadora (exceto as minhas amigas que me pintaram, porque elas têm senso de humor e horror) e eu percebia que as pessoas olhavam com um medo / agressividade pra mim. Foi então que estava dançando com uma amiga na Rua Marquês de Olinda, rumo ao Marco Zero, estavamos, de fato, histéricos e batemos sem querer e sem força em duas ou três pessoas. No meio da dança eis que surge um pé: do nada um cara me deu uma pezada fuderosa no meio do peito, disse "hahahaha, foi sem querer, desculpa", olhei pra cara dele e ele sumiu. Foi muito covarde esse cara não ter olhado nos meus olhos antes de fazer isso, porque eu teria tido a mínima possibilidade de me defender, mas só o fato de eu ter levado aquela porrada muito forte e não ter caído no chão, salvaguardou a minha honra do horror. Magrinho, magrinho, mas fiquei de pé. Isso não é autocomplacência.

E digo e repito: o horror não está no horror e eu acredito no horror nacional.

domingo, 3 de fevereiro de 2008