sábado, 23 de agosto de 2003

Sonho

“Sophia Loren, o que fazes aqui nesse baile mantendo essa face tão nova? Dentro deste vestido estás formosa como nunca antes te vi. Por que crias essa neblina em volta de teu pescoço? A quem queres seduzir, senão ao meu pai, que sequer consigo imaginar por aqui? Fumaça, jóias e palavras; as suas estão acima de todas as outras e não há como competir. Você é a mais charmosa das senhoras e é por você que todos estão aqui.”

“O que fazes aqui, meu filho querido? Esse tempo não é seu e aqui, nesse baile, ainda nem conheço o seu pai que está muito longe de ser um Marcelo Mastroianni. Apaixonarei-me mais tarde pelo coração dele, mas aprenderei que isso não será o bastante em minha vida e por isso sempre esconderei um olhar triste em meu parecer. Voltas para a tua vida de anos mais tarde. Voltas e vê o tempo em minha face. Voltas para olhar a tua mãe sem más palavras. Esqueces do que vistes aqui, pois isto não passa de um sonho seu invadindo uma lembrança minha. Este é um passado que não vive em nenhuma foto e que não encontrarás em parte alguma de minha memória.”

“Volto como mandas, mas me agracie com um beijo antes disso. Nunca pensei em te ver assim. Eras antes de dormir apenas a minha mãe.”

“Voltas e me abraças lá como nunca antes fizeste, pois é lá que sou a tua mãe e disso não te esqueças em nenhum momento. Aqui, para você, não passo de uma estranha.”

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