Aprendeu a encarar as mulheres desconhecidas que sentavam ao seu lado no ônibus e se punha a pensar nas inúmeras histórias fantásticas que cada uma delas poderiam guardar. Seriam capazes de convencê-lo? Imaginava seus corpos diante de qualquer besteira e suas bocas carnudas mentindo: se existia um jogo que lhe estimulava era o de decifrar, só pelo sibilar das palavras, a distância natural entre o que contamos e o que vivemos. Era uma forma de fazer o relógio girar, pois precisava parar de lamentar a perda do pouco tempo que lhe restava, do pouco tempo que permaneceria sempre sendo pouco.
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