Enquanto andava no centro da cidade, perto da Câmara dos Vereadores, dois rapazes encorpados e altos, desses talhados músculo a músculo pela dureza do cotidiano, descarregavam um caminhão com material de construção. A alguns metros de distância, sob o sol dos infernos, percebi que trocavam algumas palavras em clima de animosidade, entre as idas e vindas com sacos de cimento, tijolos e argamassas, delineando um diálogo minimalista, essencialmente composto por perguntas tremulantes e respostas categóricas:
- Sou gay.
- Gay?
- É. Gay. Gay. Gay, sabe?
- Sei. Gay. (Silêncio). Mas frango não, né?
- Frango não. Gay.
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