"O ataque norte-americano foi sustentado pela ideia de que, depois da estratégia militar de 'choque e pavor', o Iraque poderia ser transformado no paraíso do livre mercado, o país e o povo estariam tão traumatizados que não se oporiam... A imposição total da economia de mercado se torna muito mais fácil quando o caminho é preparado por algum tipo de trauma (natural, militar, econômico), que, por assim dizer, force as pessoas a abrir mão dos 'velhos hábitos' e as transforme em tábulas rasas ideológicas, sobreviventes de sua própria morte simbólica, prontas a aceitar a nova ordem, já que todos os obstáculos foram eliminados. A mesma doutrina do choque serve para questões ecológicas: longe de ameaçar o capitalismo, uma catástrofe ambiental generalizada pode muito bem revigorá-lo, abrindo espaços novos e inauditos para o investimento capitalista".
ZIZEK, Slavoj. Primeiro como farsa, depois como tragédia. São Paulo: Boitempo, 2011 (Pag. 28).
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