segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Cotidiano

Não suporto os rotineiros cumprimentos sem significado, apesar de tolerar a condição de podermos conhecer mil pessoas, nos tornarmos amigos dessas mil, vivermos um tempo maravilhoso com todas elas e depois querermos simplesmente que sumam da nossa frente. O problema reside no fato de ser impossível 'desconhecer' mil pessoas, não seria tanto apagá-las como em Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembrança (EUA, 2004), de Michel Gondry, mas fazê-las sair de seu círculo de convivência, mandá-las para o leste europeu no inverno, afinal a presença pela presença nos deixa no incômodo dilema de fingir simpatia ou indiferença. Se rolar um momento nostalgia aí é que fode tudo. O resultado é que termina por ser patético na maioria das vezes. Não sei como ficariam os encontros casuais no meio da rua ou naqueles lugares que costumavam frequentar juntos, mas sei menos ainda como ficaria a relação com os amigos em comum. A cautela com as pessoas que deixamos para trás às vezes me parece um fardo daqueles que fazem questão de lhe lembrar que a sua vida não é, nem nunca será só sua, que mesmo que você lute para assumir todas a lacunas dos rumos, não necessariamente irá fazer de seu veredicto a determinação para continuar em frente. No mais, tenho pânico de semi-conhecidos: dos que sempre o foram e sempre serão e dos que lentamente submergem nesse patamar.

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