quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Suspeita

Confesso que nas últimas semanas tenho carregado em silêncio uma triste suspeita: acreditariam, os cineastas, que seus filmes ~provocadores~ sobre a cidade em que vivem são mais importantes que as (inspiradoras) demandas reais desta mesma cidade? Ainda não estou convencido, mas a suspeita logo ganhou corpo através de uma cena, a última de A Mulher das Dunas: depois de fugir de sua algoz, libertar-se da fechadura e atravessar um deserto, o homem encontra um mar revolto e infinito, com ondas resistentes e coletivas, um mar que parece mais a metáfora de um sonho; mas, então, o homem decide voltar para o seu cativeiro, decide passar o resto de seus dias brincando com o seu balde d'água, no qual pode controlar as ondinhas com as suas próprias mãos. Certo de que o cinema é mais importante que a vida, o homem termina conformado em sua condição.

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