sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Amante

Desde que começou a escrever sobre cinema, pensa na crítica como uma arte do encontro, do encontro fortuito, não agendado, o que traduz um caráter literário de crônica em praticamente tudo o que escreve, pois sempre termina misturando quem era no sentindo amplo e quem estava sendo no sentido micro para melhor entender dentro da cabeça o filme com o qual se deparou. De fato, nada contra, mas ele nunca foi muito da turma da terapia, era pobre, morava longe, não tinha grana, daí jamais quis se autoinstituir como terapeuta que coloca uma obra de arte no divã e a analisa clinicamente. Se pudesse escolher uma dimensão, escolheria a do amante sempre confuso sobre a duração da noite de prazer, sem saber se o encontro continuará encontro por semanas, anos, décadas ou se, sendo o último, cessará em poucas horas. Não hesita: se entrega, ama, inventa e mente. No outro dia, se for o caso, veste a roupa e vai embora.

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