sábado, 29 de novembro de 2008
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Scorpio Rising (EUA, 1964), de Kenneth Anger
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Curtas
domingo, 23 de novembro de 2008
Bloco de Notas
Como na última semana abandonei a minha vida completamente e fiquei enfurnado dentro do Cinema da Fundação, assistindo, refletindo, fofocando e escrevendo loucamente sobre uma gama enorme de curtas dos quatros cantos do globo - além de nas horas vagas, como alguns acreditam, brincar de Raul Luna - estou completamente sem tempo para o blog desde que voltei aos meus dias frugais, frutais e triviais. De fato, não posso negar que a experiência foi, além de muito cansativa, divertida, afinal nunca tinha me submetido ao exercício da crítica diária de modo tão intenso e o evento como um todo - incluindo novos conhecidos, conversas esclarecedoras, obras interessantes, baixarias e afins - me propiciou um enorme aprendizado, digamos, social. Só foi foda não termos recebido um café sequer - e o jantar no último dia não conta. Enfim, esquecendo o que passou, deixando para lá todas as tretas e me focando no que vai vir, comecei esse post-aviso só pra dizer que preciso ler mil coisas, organizar o sumário da minha dissertação e escrever dois ensaios antes que comece uma nova maratona no dia 04, de forma que vou deixá-los com: 1 - os curtas que encontrar no percurso de minhas andanças; 2 - as críticas ou quase isso que escrevi para o Janela Crítica devidamente revisadas; 3 - convite permanente a frequentarem o cineclube que participo e que realiza sessões todas as terça-feiras no CAC sempre às 17:00 e por fim, 4 - toda besteira que não leve mais de dez minutos para ser postada.
Acho que é só isso.
ps1.: se eu entrar na vibe da procrastinação, por favor, desconsiderar o post.
Acho que é só isso.
ps1.: se eu entrar na vibe da procrastinação, por favor, desconsiderar o post.
ps2.: a frase da semana foi: 'se você me acha sexy, o problema é seu'.
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Cotidiano
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
AwarEgos
Depois quando eu fico noiado que o google está de olho em nossas vidas, todo mundo acha que sou um lunático.
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Super 8
(Publicado originalmente no Janela Crítica)
A prova básica da inexistência de uma política pública de preservação e de uma vivência compartilhada do esquecimento de nossa história no âmbito cultural - e que obviamente se reflete e se legitima em outros âmbitos - é o desaparecimento e deterioração de boa parte, melhor dizendo, da maior parte dos curtas pernambucanos em Super 8. O que nos chega é por méritos pessoais de um ou outro realizador ou colecionador mais cauteloso. Movimento sem pretensões revolucionárias e vinculado a nomes como Fernando Spencer, Jomard Muniz de Britto, Paulo Bruscky, Osman Godoy, Geneton Moraes Neto, Kátia Mesel, Félix Filho, Celso Marconi, Paulo Cunha, Lima, entre outros, o Super 8, segundo Alexandre Figueirôa, realizou durante a década de 70 até o início da década seguinte "o registro poético do nosso imaginário cotidiano" se aproveitando de câmeras que "deveriam ser apenas cinema doméstico a ser usado pelas famílias abastadas no registro de suas festas e passeios". Uma comparação com as câmeras digitais - e a re-significação que elas deram ao processo produtivo do cinema contemporâneo, especialmente em cidades periféricas - não me parece mera coincidência.
Ontem (18/11), voltando para casa depois da sessão especial sobre o movimento em questão, intitulada sagazmente de 'A Cura do ócio dos filhos da classe média' e com destaque* para Cinema Glória (1978), de Fernando Spencer e Félix Filho, Jogos Frutais Frugais (1979), de Jomard Muniz de Brito e o O 13° Trabalho (1973), de Osman Godoy, fiquei pensando como a minha geração (e a geração mais nova) segue uma tendência de acreditar que todos os produtos culturais de todas as épocas de todos os campos estão disponíveis na internet, às vezes estabelecendo uma lógica de crença tão radical que passa a instituir ao que não está online, o status de não existir. O que é uma inversão bem particular, uma confusão dos referentes do virtual e do real. São os deslumbrados por uma premissa que se torna prisão: "se não tem para download, deixo de me interessar, esqueço, vou buscar o que tem e isso me basta". Até entendo essa relação comodista da juventude com a rede, faço parte dela em certa medida, mas ao mesmo tempo, ela lembra uma pergunta que me assombrava demais na infância: se de algum modo você soubesse que existiu, podemos dizer que um dinossauro cujo fóssil nunca foi encontrado ou uma civilização que não deixou registro algum simplesmente não existiu? É uma arapuca argumentativa, um oroboro de idéias. Não há propriamente uma resposta, mas, pelo menos, não questionemos a pergunta, pois foi a partir dela e da sala de cinema relativamente vazia ontem que, de alguma forma, lamentei pelos curtas em Super 8 existirem e não existirem.
Cansado e intrigado com tais questionamentos de fim de noite, decidi entrar em contato com alguém do mestrado, talvez a própria Ângela Prysthon, para o mais rápido possível pegar todos os filmes do Jomard Muniz de Britto e jogar tudo na internet. Seria o primeiro pela facilidade. Como sou minimamente cauteloso, antes de mandar alguns e-mails, pedir alguns telefones e me meter em tremendas confusões, resolvi fazer uma pesquisa básica no google e descobri que alguém já havia concretizado minha ideia há cerca de dois anos: Ricardo Maia, também mestrando em comunicação cuja dissertação tratava justamente do famigerado tropicalista. Tudo bem que ele colocou no youtube e eu estava pensando em colocar no making off, para 'uploadar' um arquivo grande e tentar manter a melhor qualidade de imagem possível – já que o Super 8 é uma bitola sensível e suas imagens já não estão nas melhores condições – de forma que pudéssemos ver em tela cheia e facilitasse a vida de quem, de qualquer lugar, se interessasse por projeções. Vivemos a era da preservação digital individual e a política pública de preservação cultural poderia se espelhar nesse tipo de iniciativa simples para repensar suas diretrizes burocráticas. Quanto custaria colocar o acervo sobrevivente das produções pernambucanas em Super 8, com a devida preocupação, na internet? Enquanto alguém não responde, nos contentemos com o youtube e com o myspace.
* Vale destacar também a não exibição de Viva o Outro Mundo (1972), de Kátia Mesel por supostamente a realizadora não ter encontrado o próprio filme e Composições no Fio – Partituras Mutantes (1979), de Paulo Bruscky, por problemas técnicos que geraram ausência de som durante a projeção.
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Cinema Pernambucano
terça-feira, 18 de novembro de 2008
O Cinema Cearense
(Publicado originalmente no Janela Crítica)
I
No último sábado (15), a mostra competitiva nacional, com os programas O Papel da Câmera e Salvar Arquivo, nos atentou para uma nova – e não sei bem o quão nova – e diversa leva de filmes cearenses, algo que boa parte da platéia só havia vislumbrado, anteriormente, através do documentário Sábado à Noite, de Ivo Lopes Araújo. De fato, percebemos a existência de uma movimentação baseada na vontade, mas que não finca seus méritos só pela existência da vontade – o que poderia nos remeter ao vazio cinema 'brodagem' do 'pelo menos estou filmando' – pois os curtas Longa Vida ao Cinema Cearense, dos irmãos Pretti (Luiz e Ricardo) e Jarro de Peixes, de Salomão Santana, expuseram uma complexidade, um aprofundamento e uma distinção de premissas estéticas, se consolidaram como duas das produções mais consistentes do festival até então e, para além disso, firmaram uma posição política convergente do fazer cinematográfico. Os que os diferencia é justamente o que os aproxima.
I
No último sábado (15), a mostra competitiva nacional, com os programas O Papel da Câmera e Salvar Arquivo, nos atentou para uma nova – e não sei bem o quão nova – e diversa leva de filmes cearenses, algo que boa parte da platéia só havia vislumbrado, anteriormente, através do documentário Sábado à Noite, de Ivo Lopes Araújo. De fato, percebemos a existência de uma movimentação baseada na vontade, mas que não finca seus méritos só pela existência da vontade – o que poderia nos remeter ao vazio cinema 'brodagem' do 'pelo menos estou filmando' – pois os curtas Longa Vida ao Cinema Cearense, dos irmãos Pretti (Luiz e Ricardo) e Jarro de Peixes, de Salomão Santana, expuseram uma complexidade, um aprofundamento e uma distinção de premissas estéticas, se consolidaram como duas das produções mais consistentes do festival até então e, para além disso, firmaram uma posição política convergente do fazer cinematográfico. Os que os diferencia é justamente o que os aproxima.
Passado o estranhamento primeiro – estranhamento causado por uma clara falta de ferramentas nossas – podemos dizer que Jarro de Peixes carrega discretamente duas polêmicas. Por um lado, levanta uma discussão ética quanto à relação que o diretor estabelece com o material de arquivo que usa, afinal parte do público entende seu filme como deboche e, por outro, reacende e dá novo gás a uma discussão já morta e tida como anacrônica no campo cinematográfico, a autoria. Não havia me dado conta o quão controverso poderia ser o trabalho de Salomão para determinados públicos até encontrar e ficar chocado com um comentário, escrito pelo Antônio Paiva Filho, na Revista Moviola. Irei reproduzir para contra-argumentar (e espero que ele não tenha nada contra isso):
“ao ver Jarro de peixes, notamos o seguinte: intervenção nas imagens, de alguma forma? NENHUMA; alguma forma de diálogo com as imagens e entre elas? NENHUMA; alguma informação sobre as pessoas? NENHUMA. Jarro de peixes, se limita a reproduzir, devidamente digitalizado, o vídeo VHS de Miguel Pereira. PARA QUÊ? Por que é que os créditos do filme não são honestos e dizem: “realização: Miguel Pereira? Por que é que Salomão Santana assina a realização de um vídeo feito por outro? Quanto suor, realmente, foi derramado por Salomão Santana para “realizar” este “documentário”? Se a sua resposta, gentil leitor, for NENHUM, porque é uma grossa vigarice, acertou”.
A começar, não entendo como é possível tanto conservadorismo de um espectador diante de uma obra que usa e assume que usa imagens de arquivo para construção de novas narrativas e percepções, afinal a sacada de Salomão se sustenta na transferência de significado daquelas imagens em estado bruto enquanto imagens pessoais para um ambiente público, onde elas ganham outra dimensão mesmo assumindo a estética de captura anterior. Talvez devêssemos nos perguntar mais vezes: o diretor é quem registra ou quem significa? Jarro de Peixes é cinema e só pelo cinema na sala de cinema é que constrói o seu discurso. O uso de imagens de arquivo está muito longe de ser uma trapaça e o pensamento contrário me soa até engraçado, pois termina lançando a esse tipo de proposta, uma polêmica a mais que, pela própria existência do filme, já devia estar superada. Martin Sastre que o diga.
II
Além de Jarro de Peixes, outro destaque cearense se materializa na imagem dos irmãos Pretti, responsáveis em sua carreira por três longas, uma penca de curtas, além de objetos experimentais filmados em celular, todos compartilhados pela premissa de não terem recebido dinheiro de editais ou incentivos públicos. Alguns de seus trabalhos podem ser encontrados no canal deles do youtube. Nesse contexto, o curta 'Longa Vida Ao Cinema Cearense' se mostra inicialmente como uma crítica bem humorada aos meios e vícios do sistema de aprovação de projetos em editais públicos, principalmente a presença rançosa de um regionalismo estéril – o que soa bem irônico e próximo de nossa realidade, em especial na cena em que o garoto com cabeça de Mickey entrega um roteiro aos selecionadores (do que poderia ser a Fundarpe), representados por um cangaceiro, uma mulher fashion-armorial, um executivo e um rapaz sem camisa. Os selecionadores literalmente pesam o roteiro e depois espancam o Mickey. E isso é só a premissa.
A partir daí, a câmera se desvia e a crítica se amplia para além da lógica de financiamento, atingindo os cineastas que almejam seu cinema o vinculando a uma cultura de editais. Os irmãos Pretti mostram que não é preciso. A crítica é dupla. Quem busca financiamento público referenda a lógica sobre o qual ele se sustenta. Longa Vida Ao Cinema Cearense funciona como obra-manifesto, o que na longa cena final da caminhada – quando já não existem mais máscaras de Mickey e sua turma e quando a própria equipe se coloca como parte integrante do caminhar – a expressão que fica é a de uma ruma de jovens marchando pelo tipo de cinema sem dinheiro que fazem, que acreditam e que defendem. O vigor da defesa da idéia é particularmente emocionante. Os irmãos Pretti estão aqui para dizer, resgatando um pouco Paulo Emílio Salles, que dinheiro em si não garante nada e que falta de dinheiro, gerando todas consequências produtivas do subdesenvolvimento, pode nos garantir boas surpresas. Por sinal, outro cearense, Quando Sopra o Vento, de Petrus Cariry, embebido de uma poesia caricata e financiado por edital público confirma perfeitamente isso.
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Cinema Nacional
Os Debates e as Salas
As salas de cinema, herdeiras da lógica arquitetônica dos teatros, foram construídas de forma que a platéia ficasse ordenada em filas e com a atenção direcionada a um único ponto de luz, a tela ou o palco, o que tende a desvincular os espectadores de sua própria presença e da presença dos outros. A velha história da solidão coletiva. Para assistir imagens em movimento, como costumamos fazer, a organização vertical e horizontsal em questão funciona muito bem, mas, infelizmente, não me parece favorecer, na mesma medida, a realização dos debates após as sessões – iniciativa louvável assumida pelo Janela Internacional de Cinema que apropria uma antiga prática cineclubista e que, de fato, possibilita a criação de vias diretas de diálogo entre os realizadores e o público. Acontece que no momento do bate-papo descontraído, há uma distância inevitável de quem está na frente, no palco, com quem está na platéia, além de que a própria platéia fica descompassada entre si, já que escutar as perguntas dos outros se torna uma tarefa complicada. É uma mera consequência da arquitetura. A formalidade não deixa de existir, mal entendidos são comuns e o silêncio dos presentes na hora das perguntas sempre deixa o ar um tanto constrangedor. A distância não se desfaz e, então, apela-se para o Janela Crítica que também não está lá cheio de perguntas. Não estou questionando a legitimidade do debate, pelo contrário, estou assumindo a importância dele e tentando pensar e achando importante que pensemos em lógicas eficientes de funcionamento. De antemão, não tenho uma resposta.
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Cinema
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Competitiva Internacional
(Publicado originalmente no Janela Crítica)
Se os curtas do programa 'O Amor, o Sexo e outras Estréias' intentam delinear emoção a partir do carisma ingênuo (ou de aparência ingênua) de suas personagens, as acompanhando por dentro de uma série de experiências primeiras (ou supostamente primeiras) – que ora envolvem sexo, ora drogas, ora lições de violão – podemos dizer que '1 + 1 nem sempre é 2', outro programa da mostra competitiva internacional, se sustenta na aberta busca de gerar – o que de tão aberto se torna engessado – expectativas, inclusive as falsas, no espectador. No primeiro programa é compreensível a comoção pela beleza fácil da ingenuidade e pelo brotar desajeitado da experiência, principalmente se nos apoiarmos numa tentadora sede nostálgica. Entretanto, para os que gostam de Haneke, Greenaway ou Cronenberg nas horas vagas, o cheiro transbordante de virgindade desse apanhado de produções (e que os indies adoram) soa simplesmente bobo, inocente, não saudoso. Falta um pouco de perversão.
À exceção do israelense, Isca, de Michal Vinik que se beneficia de uma diegese ambígua e uma possível inversão de valores (serão as meninas-moças, na verdade, ninfomaníacas em dia de caça?), todos os outros caem na moral recorrente do super fofo vencendo a perversão baixo astral. É uma seleção de produtos tecnicamente bem realizados, mas excessivamente limpos, o que repetido curta após curta se torna cansativo. O símbolo dessa limpeza se resume no islandês Dois Pássaros, de Rúnar Rúnarsson, na cena em que o branco garoto tímido do bem tira a roupa pra deitar na cama onde está, também nua, a branca garota tímida do bem – que tinha sido estuprada, quando estava desacordada, por dois homens 'repugnantes' – para, quando ela despertasse, se sentisse confortável e achasse que foi com ele, o garoto tímido do bem, que ela perdera a virgindade. É bonitinho, convenhamos, mas não passa do ordinário.
No caso do outro programa temos um problema ainda maior, pois se a expectativa gerada se quebra no momento errado, o filme também desmorona. Isso pode se dar de várias formas. Pode acontecer, por exemplo, colocando o nome do curta de O Beijo, ser francês e nos mostrar dois jovens, sentados lado a lado numa cama, com ele falando e ela escutando sem interesse, rindo sem jeito, até que fica uma pretensa angústia no ar e finalmente ela o beija. Mesmo feito em plano sequência, com atores regulares, a quebra da expectativa pelo óbvio fica muito distante do sentimento hitchcockiano de saber exatamente o que vai acontecer e ficar ainda mais atônito para ver acontecer. Não ficamos atônitos, talvez indiferentes. Ainda mais fraco é o mexicano En Tránsito que conseguiu a façanha de reunir, em 21 minutos, todos os clichês de uma leva do cinema contemporâneo. Soa quase como uma aula: temos dois flâneurs, um encontro numa fila, o segundo encontro pelo acaso, a efemeridade das relações, uma idéia de mobilidade na cidade e para fora dela, a relação fraternal que se estabelece e a despedida suplantando a aproximação. O curta parece parasitar em premissas que já foram levadas ao ápice por Lost in Translation, de Sofia Coppola e Amores Expressos e Felizes Juntos, de Wong Kar-wai, o que nos leva a crer que o problema não está nas premissas ou no acúmulo delas, mas na forma como podem ser e são apropriadas.
Sem dúvida, o curta mais interessante do programa '1 +1 Nem sempre é 2' – e um dos mais fortes de todo festival – é o sueco A História do Pequeno Puppetboy, dirigido por Johannes Nyholm, que se sustenta numa técnica assumidamente tosca de animação com massinha de modelar, para nos contar – em capítulos apresentados pelo próprio puppetboy – a história de um garoto extremamente solitário e as consequências da visita de um estranho ser feminino, que imageticamente remete a uma prostituta velha ou uma daquelas secretárias chatas de colégio. O curta é hilário e tem a melhor das relações com a construção (desconstrução) de expectativas: pra começar, ao invés de levá-las rigidamente a sério, bebe e se lambuza no non sense e na ironia, criando saídas criativas e completamente inesperadas. O interessante é perceber que mesmo revendo, a expectativa continua funcionando por conta do senso de humor, algo que para outros do mesmo programa não acontece – e fazendo referência ao amor, o sexo e outras estréias – nem pela primeira vez. What a shame, Brian.
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Cinema
sábado, 15 de novembro de 2008
exemplo número 2 de como justificar:
Rodrigo diz:
fiquei agora noiando com o meu eu do texto falando do eu de daniel aragão no filme
Rodrigo diz:
hahahahah
s diz:
hahahah
s diz:
hipocritinha
Rodrigo diz:
mas eu sempre posso alegar que meu texto é metalinguístico e não hipócrita
s diz:
e daniel pode alegar que o filme dele é uma piada interna.
Janela Crítica
fiquei agora noiando com o meu eu do texto falando do eu de daniel aragão no filme
Rodrigo diz:
hahahahah
s diz:
hahahah
s diz:
hipocritinha
Rodrigo diz:
mas eu sempre posso alegar que meu texto é metalinguístico e não hipócrita
s diz:
e daniel pode alegar que o filme dele é uma piada interna.
Janela Crítica
Solidão Pública
(Publicado originalmente no Janela Crítica)
Depois de assistir Solidão Pública pela terceira vez, consegui separar com clareza o que me emociona do que me incomoda no filme de Daniel Aragão. Basicamente a obra me conquista pela idéia matriz de comprar, por três reais, transeuntes comuns de uma praça do centro do Recife para que eles deixem filmar seus rostos – e consequentemente suas expressões, suas personas e até uma interação – diante de uma câmera pelo tempo limite de três minutos. Acho que a proposta funciona tanto como intervenção artística, intervenção que fez parte do SPA das Artes de 2007, como na forma de produto formatado, ou melhor, documentário experimental. Solidão Pública segue a linha de produções contemporâneas que assumem a 'intervenção' para fundamentar a iniciativa documental, como pode ser visto brilhantemente no trio parada dura nacional Serras da Desordem, Santiago e Jogo de Cena. E que fique claro: isso não é uma comparação direta, só um vínculo de intenções. Mas seja como for, Daniel abandona a idéia já mastigada de registrar a movimentação da praça como ela realmente é no dia-a-dia (algo que outra produção da mostra competitiva, Osório, de Heloísa Passos, tenta sem sucesso fazer), para assumir uma escancarada quebra do estado das coisas: só quando finalmente a tenda está armada, o telão montado, o povo amontoado é que ele começa a filmar. Não sei até que medida o segundo produto já estava planejado desde o primeiro, mas, de fato, Solidão Pública enquanto processo saiu do âmbito das artes plásticas para se tornar um pequeno objeto de discurso metalinguístico do documentário. Particularmente gosto destes deslocamentos quando um teor reflexivo permanece em ambos, mas principalmente quando a natureza da reflexão (e emoção) também se desloca e se deriva.
Depois de assistir Solidão Pública pela terceira vez, consegui separar com clareza o que me emociona do que me incomoda no filme de Daniel Aragão. Basicamente a obra me conquista pela idéia matriz de comprar, por três reais, transeuntes comuns de uma praça do centro do Recife para que eles deixem filmar seus rostos – e consequentemente suas expressões, suas personas e até uma interação – diante de uma câmera pelo tempo limite de três minutos. Acho que a proposta funciona tanto como intervenção artística, intervenção que fez parte do SPA das Artes de 2007, como na forma de produto formatado, ou melhor, documentário experimental. Solidão Pública segue a linha de produções contemporâneas que assumem a 'intervenção' para fundamentar a iniciativa documental, como pode ser visto brilhantemente no trio parada dura nacional Serras da Desordem, Santiago e Jogo de Cena. E que fique claro: isso não é uma comparação direta, só um vínculo de intenções. Mas seja como for, Daniel abandona a idéia já mastigada de registrar a movimentação da praça como ela realmente é no dia-a-dia (algo que outra produção da mostra competitiva, Osório, de Heloísa Passos, tenta sem sucesso fazer), para assumir uma escancarada quebra do estado das coisas: só quando finalmente a tenda está armada, o telão montado, o povo amontoado é que ele começa a filmar. Não sei até que medida o segundo produto já estava planejado desde o primeiro, mas, de fato, Solidão Pública enquanto processo saiu do âmbito das artes plásticas para se tornar um pequeno objeto de discurso metalinguístico do documentário. Particularmente gosto destes deslocamentos quando um teor reflexivo permanece em ambos, mas principalmente quando a natureza da reflexão (e emoção) também se desloca e se deriva.
Por outro lado, há um incômodo na obra que anteriormente já me fez detestá-la incondicionalmente. Trata-se do recurso de narração logo no início – sobre a mesma tela branca onde as pessoas depois iriam se sentar diante da câmera – onde o diretor, em off, solta meia dúzia de palavras justificando de forma desnecessária sua idéia. Tal escolha se torna gradualmente redundante, até mesmo didática, na medida que o filme se desenrola, afinal ver e ouvir a idéia desabrochando sozinha me parece muito mais interessante do que tê-la explicitada, a priori, por uma falsa poesia ou uma ironia barata. Queremos o documentário e não uma palestra do porquê do documentário. O problema se torna maior quando depois disso e depois de já termos visto o desabrochar da idéia, a obra apela para outro off, o que me parece ainda pior, pois consolida o diretor como personagem narcisista do filme, algo completamente dispensável.
Por sinal, percebi uma pequena diferença de edição nesta terceira vez, pois ao final, quando vários rostos começam a passar um atrás do outro, num ritmo voraz, o diretor fez a brincadeira sem gracinha de colocar o rosto da namorada no meio da sequência e pior, o dele próprio como imagem final. Eu estava completamente entregue ao filme, ignorando os offs e tudo mais, mas quando vi Daniel Aragão se colocando ali daquela forma tão gratuita, não tive como segurar a risada. Foi uma quebra. Ok, cada um faz o que quiser de seu filme, mas depois desse coito interrompido só tenho a dizer que basta um passo para irmos de uma fábula tocante, de um documentário interventivo com cenas memoráveis, de fotografia impecável e com uma edição de som perspicaz para uma mágica viagem narcisista do incrível “eu”. Às vezes acontece e resulta em experiências profundas, mas nem sempre agradar o ego é a melhor saída.
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Cinema Pernambucano
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Procon
Quando acontece de você comprar um DVD pirata de Império dos Sonhos esperando a Laura Dern e descobre que lhe repassaram Hancock com o Will Smith, todos os seus argumentos e sua crença na pirataria desaparecem rapidinho.
Pelo menos só me custou R$ 1,00.
Pelo menos só me custou R$ 1,00.
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Cinema
terça-feira, 11 de novembro de 2008
“A vida é como um cigarro. Você tem que fumar até o fim”
A frase acima aparece como último inter-título do filme sobre o qual irei discorrer, mas para voltar à narrativa clássica, vamos começar pelo princípio. Se partíssemos da premissa que todas as pessoas podem ser divididas entre as que nascem com grandeza, as que conquistam a grandeza, as que são encontradas pela grandeza e um grupo a parte, condensado – ou condenado - sob o estigma de serem 'os outros', Harvie Krumpet, personagem que intitula a animação de 2003, vencedora, entre outros prêmios, do oscar de curta animação, seria uma espécie de ideal representativo deste último grupo. A obra dirigida, roteirizada e fotografada pelo australiano Adam Benjamin Elliott, fã assumido do artista tcheco Jan Svankmajer, poderia ser apenas mais uma panorâmica - através de Harvie, um ser feio, magro e careca - da recorrente história do fucking loser: partindo de seu nascimento de cabeça pra baixo, passando pelos obstáculos e humilhações até o clichê da superação final. Harvie Krumpet também é tudo isso. Mas se por um lado há um pessimismo que nos guia, a compensação vem pelo humor atípico e pela beleza de um conhecimento informal - livre da razão, mas inundado de beleza - que pode ser percorrido através dos 'fatos' absurdos ou hilários que o personagem anota e carrega durante toda a vida - desde o dia em que sua mãe analfabeta resolveu lhe ensinar tudo. Provavelmente são nos fatos de Harvie que reside a metáfora da visão de mundo do diretor.
A narrativa solidifica todo entendimento sobre o personagem ao criar uma relação entre o ser fucking loser e o senso de humor suspeito que temos de ter para suportarmos a nossa própria existência fucking loser. É bastante confortável de se identificar, mesmo que não tenhamos apanhado no colégio, nem perdido os pais numa tragédia, nem nunca acreditado que borboletas possuem cheiro de chulé. Podemos fingir e nos sentir muito bem enquanto espectadores. Podemos até criar uma lembrança falsa. A estrutura de Harvie Krumpet segue os trabalhos anteriores de Adam, a trilogia Uncle, Brother e Cousin, onde o narrador assume um papel fundamental na evolução diegética, falando friamente dos acontecimentos mais terríveis e sempre os complementando com um humor negro sagaz. É com tal força abstrata que me identifico. Há uma recorrência explícita nessa obra: os piores acontecimentos na vida de Harvie terminam por levá-lo as suas melhores experiências. Harvie trabalhava no lixão e foi justamente por causa de seu trabalho que encontrou a televisão onde assistiu um filme de Burkley (uma referência direta à Busby Berkeley). Harvie um dia foi parar no hospital, perdeu um testículo, mas encontrou na enfermeira que lhe atendera, a mulher com quem iria se casar. É sempre assim em Harvie Krumpet: um eterno quase suicídio salvo pelo suicídio do outro. A referência final ao cigarro não poderia ser mais pertinente. Cabe como uma luva. Fumemos, então.
A narrativa solidifica todo entendimento sobre o personagem ao criar uma relação entre o ser fucking loser e o senso de humor suspeito que temos de ter para suportarmos a nossa própria existência fucking loser. É bastante confortável de se identificar, mesmo que não tenhamos apanhado no colégio, nem perdido os pais numa tragédia, nem nunca acreditado que borboletas possuem cheiro de chulé. Podemos fingir e nos sentir muito bem enquanto espectadores. Podemos até criar uma lembrança falsa. A estrutura de Harvie Krumpet segue os trabalhos anteriores de Adam, a trilogia Uncle, Brother e Cousin, onde o narrador assume um papel fundamental na evolução diegética, falando friamente dos acontecimentos mais terríveis e sempre os complementando com um humor negro sagaz. É com tal força abstrata que me identifico. Há uma recorrência explícita nessa obra: os piores acontecimentos na vida de Harvie terminam por levá-lo as suas melhores experiências. Harvie trabalhava no lixão e foi justamente por causa de seu trabalho que encontrou a televisão onde assistiu um filme de Burkley (uma referência direta à Busby Berkeley). Harvie um dia foi parar no hospital, perdeu um testículo, mas encontrou na enfermeira que lhe atendera, a mulher com quem iria se casar. É sempre assim em Harvie Krumpet: um eterno quase suicídio salvo pelo suicídio do outro. A referência final ao cigarro não poderia ser mais pertinente. Cabe como uma luva. Fumemos, então.
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Cinema
Making Off
Para mostrar que a recente limpeza de contas do Making Off não foi completamente arbitrária ou absurda, resolvi reproduzir aqui um diálogo de posts de distintos tópicos do fórum, a partir de um post meu, numa discussão sobre a possível diminuição de seeders no compartilhamento de filmes, além de uma resposta escrita antes do questionamento, na figura da mensagem oficial dos administradores justificando a atitude. As conclusões cada um pode tirar sozinho.
Meu post:
Eu não sei bem como estava a situação do fórum em termos práticos para quem o organiza, acho que de toda maneira deve ser muito difícil controlar e fazer funcionar esse espaço incrível e se pudesse agradeceria todo dia a esse pessoal, mas acho que a decisão de excluir contas a partir da participação em posts foi um tanto precipitada. Não necessariamente quem comenta "valeu" ou "que contribuição legal" são bons semeadores, da mesma forma que não podemos pensar que pessoas que nunca comentaram são semeadores do mal ou vândalos. Não há uma lógica determinista que liga uma coisa a outra. Na minha opinião, se é que ela vale de alguma coisa, acho que existem outras formas possíveis de atuação através deste fórum. Vejamos o meu caso em específico. Eu tenho poucos comentários por aqui, talvez 12, mas participo do fórum há bastante tempo, baixo diariamente, costumo semear muito - alguns até indefinidamente, mais que o dobro - e fui salvo pelo gongo, por um ou outro comentário que fiz quando me senti a vontade de fazê-lo (inclusive na correção de uma legenda).
E quando falo em formas alternativas de atuação, penso, por exemplo, no fato de eu ser um dos integrantes de um recém surgido cineclube daqui de Recife (5 meses de vida), instituído com uma proposta de passar filmes raros que não tenham veiculação em DVD. Assim sendo, nem preciso dizer o quão o Making off tem sido importante para nós. Essencial mesmo. Se pensarmos que esse cineclube compartilha filmes numa sessão na sala escura e blá blá blá com um púbico que não tem a possibilidade de baixar - seja porque não tem internet ou não possuem a cultura de baixar mesmo - acho que podemos considerar isso uma forma de atuação. Alternativa, mas atuação. Outros membros do cineclube foram excluídos daqui - e eu sei que eles são 'bons' semeadores. Talvez seja difícil visualizar, mas numa cidade como Recife que conta com apenas três salas 'alternativas' de exibição - e sendo caridoso nesse número - além de termos uma das piores velocidades de conexão do país, qualquer iniciativa de exibição já faz alguma diferença. Eu estou fazendo mestrado em comunicação e meu trabalho é justamente sobre a junção da cultura de baixar filmes com a prática cineclubista (tomando em especial, cidades periféricas). Estou meio que trabalhando teoricamente e praticamente no objeto - e gosto disso.
Quando soube que um bando de contas tinham sido excluídas, primeiro fiquei muito puto porque alguns conhecidos meus foram sumariamente excluídos e eles tinham sim uma atuação alternativa no fórum (outros são bastante atuantes em quantidade de posts), mas depois tentei entender as razões, porque óbvio que elas existem se não tal atitude não seria necessária. Por fim, gostaria de saber se existe um texto oficial dos moderadores sobre a limpeza nas contas. Gostaria de ler e entender melhor a situação.
enfim, é isso. abraços.
Ps.: a melhor consequência em mim dessa limpeza foi que me senti agora intimado a postar algum filme. Irei fazê-lo brevemente.
Mensagem Oficial dos Administradores:
O Making Off surgiu na internet com a intenção de democratizar o acesso a obras cinematográficas difíceis de serem encontradas no Brasil, seja em locadoras ou lojas de DVDs, por não terem sido lançadas traduzidas para a nossa língua ou por não possuírem apelo comercial.
Nesses pouco mais de 2 anos de existência o fórum cresceu muito além das nossas expectativas e hoje é possível dizer que somos uma referência no que diz respeito ao compartilhamento de filmes.
Claro que todo este crescimento se deve à dedicação dos membros e da equipe de moderação. Aproveito para agradecer a todos.
Entretanto este crescimento nos traz alguns problemas técnicos contra os quais temos que estar sempre trabalhando. Já trocamos de servidor algumas vezes, ficamos fora do ar em outras oportunidades e, ultimamente, temos sofrido com páginas em branco, não carregadas completamente e fórum fora do ar constantemente.
Isto acontece devido à quantidade de acessos simultâneos. Muita gente acessando o fórum ao mesmo tempo gera uma sobrecarga no nosso servidor e ele acaba não funcionando corretamente ou saindo do ar.
Após muita discussão e análise de diversas soluções propostas para resolvermos este problema, chegamos a um consenso e é ele que venho aqui anunciar para vocês.
No dia 23/10 puxamos da base de dados algumas estatísticas que serviram para dar embasamento à nossa decisão. São elas:
Com isso tudo, como já foi dito, a navegação pelo fórum é prejudicada. Já fomos alertados pela empresa que administra nosso servidor que nossa conta será suspensa caso este problema de consumo excessivo de hardware não seja solucionado. Como não temos interesse nenhum em partir para um servidor mais robusto, que aguente o tranco, devido aos altos valores que nós já pagamos mensalmente e que seriam aumentados (e muito) no caso de migração, tivemos que tomar algumas decisões, que são:
Infelizmente alguns bons semeadores podem ter seus cadastros excluídos, mas não temos outra alternativa neste momento.
Um abraço,
Equipe Making Off
E quando falo em formas alternativas de atuação, penso, por exemplo, no fato de eu ser um dos integrantes de um recém surgido cineclube daqui de Recife (5 meses de vida), instituído com uma proposta de passar filmes raros que não tenham veiculação em DVD. Assim sendo, nem preciso dizer o quão o Making off tem sido importante para nós. Essencial mesmo. Se pensarmos que esse cineclube compartilha filmes numa sessão na sala escura e blá blá blá com um púbico que não tem a possibilidade de baixar - seja porque não tem internet ou não possuem a cultura de baixar mesmo - acho que podemos considerar isso uma forma de atuação. Alternativa, mas atuação. Outros membros do cineclube foram excluídos daqui - e eu sei que eles são 'bons' semeadores. Talvez seja difícil visualizar, mas numa cidade como Recife que conta com apenas três salas 'alternativas' de exibição - e sendo caridoso nesse número - além de termos uma das piores velocidades de conexão do país, qualquer iniciativa de exibição já faz alguma diferença. Eu estou fazendo mestrado em comunicação e meu trabalho é justamente sobre a junção da cultura de baixar filmes com a prática cineclubista (tomando em especial, cidades periféricas). Estou meio que trabalhando teoricamente e praticamente no objeto - e gosto disso.
Quando soube que um bando de contas tinham sido excluídas, primeiro fiquei muito puto porque alguns conhecidos meus foram sumariamente excluídos e eles tinham sim uma atuação alternativa no fórum (outros são bastante atuantes em quantidade de posts), mas depois tentei entender as razões, porque óbvio que elas existem se não tal atitude não seria necessária. Por fim, gostaria de saber se existe um texto oficial dos moderadores sobre a limpeza nas contas. Gostaria de ler e entender melhor a situação.
enfim, é isso. abraços.
Ps.: a melhor consequência em mim dessa limpeza foi que me senti agora intimado a postar algum filme. Irei fazê-lo brevemente.
Mensagem Oficial dos Administradores:
O Making Off surgiu na internet com a intenção de democratizar o acesso a obras cinematográficas difíceis de serem encontradas no Brasil, seja em locadoras ou lojas de DVDs, por não terem sido lançadas traduzidas para a nossa língua ou por não possuírem apelo comercial.
Nesses pouco mais de 2 anos de existência o fórum cresceu muito além das nossas expectativas e hoje é possível dizer que somos uma referência no que diz respeito ao compartilhamento de filmes.
Claro que todo este crescimento se deve à dedicação dos membros e da equipe de moderação. Aproveito para agradecer a todos.
Entretanto este crescimento nos traz alguns problemas técnicos contra os quais temos que estar sempre trabalhando. Já trocamos de servidor algumas vezes, ficamos fora do ar em outras oportunidades e, ultimamente, temos sofrido com páginas em branco, não carregadas completamente e fórum fora do ar constantemente.
Isto acontece devido à quantidade de acessos simultâneos. Muita gente acessando o fórum ao mesmo tempo gera uma sobrecarga no nosso servidor e ele acaba não funcionando corretamente ou saindo do ar.
Após muita discussão e análise de diversas soluções propostas para resolvermos este problema, chegamos a um consenso e é ele que venho aqui anunciar para vocês.
No dia 23/10 puxamos da base de dados algumas estatísticas que serviram para dar embasamento à nossa decisão. São elas:
- Total de membros cadastrados: 48025
- Quantidade de membros que nunca postaram nada: 43316
- Quantidade de membros que já postaram ao menos uma vez: 4709
- Quantidade de membros que fizeram ao menos 10 posts: 3706
- Quantidade de membros que abriram algum tópico: 1493
- Quantidade de membros que postaram filmes: 472
- Quantidade de membros ativos nos últimos 30 dias: 7827
- Quantidade de membros que fizeram ao menos 1 post nos últimos 30 dias: 82
Com isso tudo, como já foi dito, a navegação pelo fórum é prejudicada. Já fomos alertados pela empresa que administra nosso servidor que nossa conta será suspensa caso este problema de consumo excessivo de hardware não seja solucionado. Como não temos interesse nenhum em partir para um servidor mais robusto, que aguente o tranco, devido aos altos valores que nós já pagamos mensalmente e que seriam aumentados (e muito) no caso de migração, tivemos que tomar algumas decisões, que são:
- O Making Off se tornará um fórum fechado
- Novos cadastros só serão permitidos mediante convites
- Os cadastros dos membros inativos serão devidamente deletados e eles não terão mais acesso ao fórum, a não ser que sejam convidados por outro membro
- Os membros receberão convites e poderão convidar outras pessoas
- Os convites serão distribuídos automaticamente, baseados em um critério que ainda está sendo discutido
Infelizmente alguns bons semeadores podem ter seus cadastros excluídos, mas não temos outra alternativa neste momento.
Um abraço,
Equipe Making Off
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Cinema
"Alma no vazio, deserto em expansão"
Durante a comemoração dos dez anos de Cinema da Fundação, mal terminara a concorrida sessão dupla de Muro (2008), premiado curta-metragem de Tião, quando ouvimos Cláudio Assis gritar, da última fileira, que finalmente sua geração havia sido superada. Perdi a boa oportunidade de ficar de pé e concordar, simplesmente porque nos segundos que se seguiram à projeção, um silêncio devastador tinha me tomado e, naquele exato momento, nem conseguia entender direito o motivo de alguém estar gritando tão alto. Ah sim, ok, era Cláudio Assis. O grito veio e foi como Amarelo Manga veio e foi, como Baixio das Bestas veio e foi e eu continuava educadamente imerso na obra de Tião. O silêncio me consumia. Na sequência, durante o debate, uma platéia impressionada lançou descontroladamente suas referências sobre os ombros do jovem realizador, na tentativa de, a partir de seus backgrounds particulares, apreenderem os significados de sua obra. Daí apontaram David Lynch aqui, um clima Almodóvar na primeira fase ali, uma edição Pasolini, o ritmo dos melhores Truffauts. Sem pestanejar, Tião com toda sua simplicidade e timidez assumiu desconhecer boa parte daquelas referências. Achei genial: a intensidade inerente ao filme – uma intensidade que resistiu firme na minha cabeça por semanas e que não consegui explicitar ao realizador nas diversas oportunidades que tive – desconsiderava resolver ou domesticar o enigma artístico a partir de enigmas anteriores. Na minha cabeça, eu tentava, sem sucesso, encontrar alternativas de organização cognitiva e, por enquanto, só vislumbrava por onde não seguir.
Para vocês terem uma idéia, eu sequer sabia constituir a diferença clara de até onde ia o efeito da obra sobre mim e até onde ia o meu efeito sobre ela. Por isso meu silêncio. Primeiro tudo foi sensório e nada racional, só depois teci minhas explicações, meus caminhos e tomei a alegoria da corrida como uma reflexão sobre a competitividade humana e a escolha e os custos do progresso positivista na civilização (ocidental?). Corrida dos engravatados, corrida das crianças sem ar, corrida dos homens. Meio megalomaníaco mesmo. E nesse processo de, num segundo momento, isolar Muro e descortiná-lo, me apeguei emocionalmente ao filme por ele me despertar para a idéia - que jamais me abandonou desde então - do tempo presente como uma convergência de distintos tempos em um só tempo, uma espécie de tempo disjuntivo, que revela a prepotência da humanidade ao se auto-registrar apenas pela ponta do desenvolvimento sem considerar a força histórica do atraso. Estamos na lua e ao mesmo tempo estamos em Conceição de Cima. Nem um, nem outro representam melhor nossos passos. Apenas ambos, unidos e sobrepostos, podem almejar isso. Sem dúvida, a maior beleza do filme – juntamente com o apuro técnico inquestionável – é a complexificação conceitual em detrimento da resolução do enigma que propõe – o que desnorteia as conversas meramente regionalistas ou deterministas, tira o chão de quem esperava o velho e besta cinema pernambucano, nos joga num vazio desolador, mas que logo se torna imensamente confortável. Não pela resposta fácil que se encerra após os créditos, não pelo grito que se esvazia em dois ou três dias, mas pelo contrário, pela ânsia de re-assistir que cria e que alimenta até conseguir saciar, pela difícil missão de em apenas dezoito minutos se erguer e se manter imponente como o completo oposto da indiferença. Penso muito nos ínumeros curtas que já não lembro mais e lembro de Muro, justamente o que não consigo esquecer. Alma no vazio, deserto em expansão.
Para vocês terem uma idéia, eu sequer sabia constituir a diferença clara de até onde ia o efeito da obra sobre mim e até onde ia o meu efeito sobre ela. Por isso meu silêncio. Primeiro tudo foi sensório e nada racional, só depois teci minhas explicações, meus caminhos e tomei a alegoria da corrida como uma reflexão sobre a competitividade humana e a escolha e os custos do progresso positivista na civilização (ocidental?). Corrida dos engravatados, corrida das crianças sem ar, corrida dos homens. Meio megalomaníaco mesmo. E nesse processo de, num segundo momento, isolar Muro e descortiná-lo, me apeguei emocionalmente ao filme por ele me despertar para a idéia - que jamais me abandonou desde então - do tempo presente como uma convergência de distintos tempos em um só tempo, uma espécie de tempo disjuntivo, que revela a prepotência da humanidade ao se auto-registrar apenas pela ponta do desenvolvimento sem considerar a força histórica do atraso. Estamos na lua e ao mesmo tempo estamos em Conceição de Cima. Nem um, nem outro representam melhor nossos passos. Apenas ambos, unidos e sobrepostos, podem almejar isso. Sem dúvida, a maior beleza do filme – juntamente com o apuro técnico inquestionável – é a complexificação conceitual em detrimento da resolução do enigma que propõe – o que desnorteia as conversas meramente regionalistas ou deterministas, tira o chão de quem esperava o velho e besta cinema pernambucano, nos joga num vazio desolador, mas que logo se torna imensamente confortável. Não pela resposta fácil que se encerra após os créditos, não pelo grito que se esvazia em dois ou três dias, mas pelo contrário, pela ânsia de re-assistir que cria e que alimenta até conseguir saciar, pela difícil missão de em apenas dezoito minutos se erguer e se manter imponente como o completo oposto da indiferença. Penso muito nos ínumeros curtas que já não lembro mais e lembro de Muro, justamente o que não consigo esquecer. Alma no vazio, deserto em expansão.
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Cinema Pernambucano
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Janela de Cinema anuncia selecionados para projeto
Fonte: JC Online
A Janela Internacional de Cinema do Recife, cuja primeira edição ocorre de 13 a 20 de novembro, divulga os dez selecionados que participarão do Janela Crítica. O projeto busca incentivar, através de encontros, o pensamento crítico de jovens universitários e cinéfilos do Estado.
Inicialmente previsto para serem sete, o número de participantes dos debates aumentou em função da qualidade dos inscritos, segundo informou a produção do evento. A seleção foi feita pelo crítico e jornalista Luiz Joaquim.
Nesta quarta-feira (5), será divulgada a programação completa do festival.
Confira os selecionados:
Amanda Sena
André Antônio
Hermano Callou
Hugo Viana
Luís Fernando Moura
Matheus Cartaxo
Osvaldo Neto
Renato Souto Maior
Rodrigo Almeida
Josias Saraiva (aluno ouvinte)
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