Ainda que tenha passado a maior parte da infância diante das princesas da Disney, Eliane nunca se mostrou muito esperançosa quando o assunto era amor. Primeiro foi se apaixonando, sempre de maneira silenciosa, pelos coleguinhas mais bonitos da sala, os galeguinhos de olhos azuis e traços quase femininos, os mesmos que as meninas mais bonitas gostavam; depois, para fugir da concorrência e despistar seu próprio estilo de patinha feia, passou a olhar os supostamente sem gracinha, escondidos atrás dos óculos fundos e do jeito desengonçado, até que, em dado momento da adolescência, aprendeu a não esperar mais príncipe encantado algum, desgostou dos cavalos brancos e implodiu todos os castelos. Desde então, quando muito, Eliane torce para que nos dias em que estiver sentada na janela, com o lugar vago no corredor e o ônibus de portas abertas naquelas paradas em que sobem dezenas de passageiros, o homem mais mais mais mais bonito, ao menos, sente ao seu lado. Se acontece, os chiados começam a virar rugidos.
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