É sempre bom admitir nossos próprios clichês. A gente tenta desviar uma, duas, quinze vezes, mas nem sempre dá para fugir deles apenas na mandinga. Os clichês são espertos e grudam - quase como óleo quente saído de uma panela de batata frita. Daí chega uma hora que é melhor sentar, relaxar o pescoço endurecido e colocá-los, aos pares, em cima da mesa. É incrível como sempre surto nos sonhos quando resolvo dormir lendo Caio Fernando Abreu. Depois acordo, sinto que se ele não existisse, eu poderia ter alguma relevância e curar metade dos meus problemas estima. Não fico triste. Pelo contrário. Ele me enche de vida noturna como se minhas vísceras pulsassem, algo parecido com o que me aconteceu quando estava lendo Secreções, excreções e desatinos, do Rubem Fonseca. Minhas noites tranquilas na cama mais pareciam noitadas loucas na Augusta.
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