O pai estava com o filho de catorze anos na moto. Um policial imagina que estão armados, persegue, supostamente pede para estacionarem e resolve atirar no pneu. Acerta na nuca do adolescente. Após atestar a morte, a viatura se manda com o responsável pelo tiro. O pai aproveita a fuga dos fardados, que tinham isolado a área com fitinhas amarelas, para passar quarenta minutos abraçado com o corpo do filho no meio da rua. Uma multidão de curiosos cerca o lugar. Eis então, que surgem, com baldes d'água na mão, algumas freiras da Paróquia São Vicente de Paulo: vão até o pai, levam ele pela mão até a calçada e lavam o seu corpo ensangüentado. O pai quase sem voz diz não ter escutado o pedido do policial, voltava de um serviço, o filho estava aprendendo a ser técnico de refrigeração. A caixa de ferro estava aberta e as ferramentas espalhadas pela rua.
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