domingo, 20 de março de 2005

Amores Expressos

"Esta vida é uma viagem, pena eu estar só de passagem"
Paulo Leminski

Da superfície da pele encostada por acaso em uma estranha ao mais profundo e fugaz dos sentimentos entre desconhecidos, dos encontros repetitivos e anônimos do cotidiano aos apartamentos abandonados no vazio. Um dia, todos os indivíduos presos na distância de apenas um centímetro de seus corpos poderiam se tornar bons amigos, bons companheiros de momento. Ou talvez nunca chegassem a se conhecer, a se tocar mais conscientemente do que para pedir licença. São novamente os mais tristes e solitários dos seres que se encontram, que se cruzam e não se percebem. Horas depois poderiam estar apaixonados uns pelos outros. Horas depois poderiam estar sumidos da história – dos pequenos retratos civis, dos minuciosos recortes do viver contemporâneo. Da fragmentação narrativa dos amores expressos (expressos no sentido de rápidos, passageiros, efêmeros) aos formalismos audiovisuais do diretor. Somos novamente nós, os anjos, dentro dos pensamentos embalados num aparente silêncio, num aparente conforto. Somos os ouvidos e olhos que eternamente acompanham esses personagens sem nome, mas que relatam seus íntimos desejos. Estão ainda mais anônimos, mais solitários; mais excêntricos e exóticos. Cada pequeno hábito não convencional, cada pequeno questionamento os faz diferentes dos enlatados produzidos em massa que os próprios personagens consomem sem restrição – Honk Kong é o coração capitalista dentro de uma China meio aberta, a região de orientais híbridos, filhos da cultura chinesa e da cultura Pop ocidental. Não aparecem com data de validade precisa – nem sozinhos, nem juntos, nem os sentimentos. O videoclipe na tv trata de dar o ritmo do passo, tudo está num permanente estado de transformação; calmo e intenso dentro da individualidade de cada um. Nem as amizades, nem os amores estão seguros. São histórias demais, sentimentos confusos e tensões desnecessárias. São desconfianças infantis; cinismos excessivos e ligações não profundas. Estamos sempre na beirada das relações, olhando para baixo e com o medo estampado em nossa face. Nunca estamos prontos para cair. Essa é uma narrativa que traz policiais, funcionárias de lanchonetes e traficantes. Mas não é uma narrativa comum de perseguições. Na verdade, é sobre a fuga e o reconforto dos sentimentos, sobre pessoas que não se conhecem, mas que por um momento compartilham suas vidas. Trata-se de duas histórias inacabadas de solidão – dois contos interligados por menos de um centímetro de distância. Ou separados em mundos paralelos. Primeiro a noite, depois o dia; um à violência e o outro a magia. Primeiro os labirintos urbanos, as artimanhas, o submundo; depois o mercado, as escadas rolantes, as lanchonetes. Primeiro o whiskey com abacaxi enlatado, depois a salada junto ao café. Primeiro uma jukebox em algum bar decadente, depois ‘California Dreamin’ tocando intensamente. Há um contraste, mas também há confluências. A tristeza, a solidão, o abandono – a própria estética fugaz e estranha parece se repetir, ainda que no segundo momento mais voltada para um novo estágio. São seres da síndrome do vazio, da falta que nunca é saciada e do destino incerto. São seres românticos e desencontrados. A velocidade parece aumentar, aumentar, aumentar. Os personagens estão prontos para correr, prontos para seguir o ritmo alucinado dos novos tempos. Informações, imagens, idéias, emoções. Tudo lançado como bombas sobre as cidades, tudo produzido como encomenda num ‘fast-food’. É um filme sobre o amor, sobre as paixões que vêm e vão como aviões nos aeroportos distantes e não distantes. É sobre contatos intensos e fugazes a tal ponto de não se realizarem. Nem sequer um beijo e o sentimento já passou. Fica a lembrança. E talvez haja um problema. Nós não a entregamos em domicílio.

He Qi-wu ou número 223 é um policial que quando apaixonado, gosta de correr para que as lágrimas não cheguem aos olhos, para que elas sejam expelidas por seu corpo antes de tomarem sua face. Está sempre a correr, a esbarrar em desconhecidos que um dia viria a conhecer. Ou que nem isso. O mundo em sua volta se desfoca – literalmente se desfoca. [A sensação de velocidade sob os pés apressados em meio à multidão causa náusea num primeiro momento, a visão parece rascunhada, carregada sem jeito. A cena é ‘videoclíptica’ demais, até violenta por isso. A própria câmera se perde no caminho para se achar em seguida e se perder novamente. Há uma estranha sensação entre um trabalho rebuscado e uma obra rasurada. Algo parecido com o início do filme ‘Irreversível’, de Garpard Noé. Mas a violência aqui fica só na montagem, não se torna gratuita]. O número 223 corre entre milhares de sem face, engolidos numa massa única e disforme que anda, anda – o que me remete a homogeneização do homem e ao seu futuro ‘robótico’. O rapaz termina se chocando com uma estranha. A câmera para – literalmente para. O contraste visual já está criado.

"No momento de maior intimidade, ficamos 0,01 centímetro de distância. 57 horas depois, eu me apaixonei por ela".

A namorada de Qi-wu (223) acabara o relacionamento de cinco anos, pois ele não a entendia. Uma coisa estranha de se dizer depois de tanto tempo. Inconformado, o rapaz tenta manter um contato com as pessoas em volta dela, desejando provar para si mesmo e para os outros que na verdade é a moça que quer o reencontro. Tenta demonstrar uma situação que não existe. Mantêm uma espécie de orgulho melancólico, enquanto a amada sequer o liga, sequer aparece dentro do filme. Antigamente, May ia ao ‘Midnight Express’ porque o gerente dizia que ela lembrava a Demi Moore. E depois que eles se separaram, ela diz que Qi-wu está cada vez mais diferente do Bruce Willis. [O cinema de Wong Kar-Wai é bastante referencial (e em alguns momentos até auto-referencial – segue esse tendência deixada por Wim Wenders e re-significada por Tarantino). Há um trabalho interessante com a música – ora funcionando como delineador de ambiente (bar decadente - música decadente), ora como delineador de situação emocional (melancolia no personagem, melancolia na música). Porém, ao mesmo tempo, ela não segue diretamente esses padrões, assim como encontra outras conotações dentro da película. É a personagem que escuta música alta e tem que se aproximar de um outro personagem para que possam conversar; é o rapaz que coloca a ficha e sempre a mesma música na jukebox estilo retrô, é a incerteza para o futuro enquanto escuta ‘happy together’. A música pode vir associada à imagem de várias maneiras – interferindo diretamente nela, retificando um clima do mostrado ou sendo irônica para com. Chang, em ‘Felizes Juntos’, parece nos chamar a atenção para trilha sonora da película, aparece como metáfora dos olhos presos a questão plástica e dos ouvidos esquecidos do trabalho estilístico da música (ou da falta de). Na verdade, essas são apenas algumas facetas que o diretor trabalha. Suas referências vão de Wim. Wenders, Antonioni, Godard, o kitsch e o cult até a geração fast-food, coca-cola, Mc Donalds e o cinema extremamente mercantil americano. E tudo está num grande bolo fermentado pela cultura oriental]. A desconhecida é apresentada no filme sem nome. É apenas uma oriental loira, que fala inglês, bebe whiskey e é traficante. Em teoria não passa disso. Ela contrata/constrói imigrantes para que eles transportem drogas (constrói no sentido de forjar mulheres grávidas, crianças inocentes, pais vestidos em roupas feitas em casa, enquanto que insere cocaína dentro dos sapatos, da barriga ou até do ursinho de pelúcia). Literalmente são construídas pessoas para passarem, sem suspeita, sob a vigília dos aeroportos. Talvez pessoas fossem construídas todos os dias, para as mais diferentes situações. A mulher apenas não esperava que no aeroporto, todos os imigrantes sumissem. Anda na rua sem destino. Atordoada, estava com problemas, mas ainda tentava manter a calma, a frieza. A pose de femme-fatale.
Me tornei uma pessoa cautelosa. Sempre uso óculos escuros e capa de chuva. Nunca se sabe quando vai chover ou fazer sol.

Por sua ex-namorada gostar de abacaxi enlatado, o número 223 decide passar um mês apenas comendo tal alimento. Terminado esse prazo desistiria do retorno para sempre. Um dia para o fim dos dias, continuava a comprar enlatados com data de expiração para o dia seguinte. Mostra-se uma obsessão do personagem por validades. Tudo vence. Sardinha vence, molho vence; até papel de embrulho vence. Teme que seus sentimentos sigam essa mesma lógica, que os seres humanos tão envolvidos com o mercado se deixassem por ele dominar. May não voltaria o relacionamento e o rapaz decide sair com alguém. Liga para uma menina que dorme no meio da ligação, liga para uma outra que se casara. A última sentava perto dele na terceira série. Ela não lembra e ele sente o quão distantes dormem seus amigos, o quão mortos estavam seus abraços. Termina entrando num bar qualquer. Promete se apaixonar pela primeira mulher que aparecer. Promete se desligar do passado que o consome. O passado imutável. Sua história começaria ali. [Pode soar óbvio demais falar sobre a solidão dos personagens. Mas ainda assim, acho necessário por não ser uma solidão qualquer e por ela ser tão retratada em seus filmes. Wong Kar-wai a re-significa (ou melhor, a mostra por um outro ângulo) através de personagens atípicos e micro-histórias singulares – eles não choram a todo o momento, ficam em silêncio, sentem o sofrimento por cada uma de suas veias ou transferem sua dor para o mundo que os cerca. Talvez, concentrem ainda mais a dor dentro deles, contaminando seus viveres, a ponto de perderem o controle sobre seus atos. É quase teatral no sentindo mais poético possível. São pessoas abandonadas, traídas, sozinhas. Aparentemente, sem objetivos nenhum. Talvez a melhor característica dos homens e mulheres de suas películas, esteja na construção delas em si. Às vezes existe um confronto do que os personagens dizem sobre eles mesmos e a nossa opinião sobre. Wong Kar-wai dá a luz a personagens complexos sob a fantasia de vazios]. A loira-postiça-traficante inicia uma busca para se vingar dos que a traíram. Mata alguns. Depois é perseguida numa cena mais rápida que a primeira do filme e nossos olhos já não se chocam tanto. Vai para o bar e encontra o número 223. Qi-wu acha que ela gostou dele. Decide perguntar. Será que ela gosta de abacaxi. Sem resposta. Talvez não entenda a língua. Fala em cantônes, em inglês e apenas em mandarim, ela responde. Não quer conversar e ele só quer companhia. Terminam bêbados e ele a levando para casa dela. Não realizam nada. Ela simplesmente manda uma mensagem de parabéns para ele no outro dia. O rapaz não a esqueceria por isso. A loira volta ao bar e mata um americano que minutos antes transava com uma japonesa só depois que ela colocara uma peruca na cabeça. Joga, por fim, a própria peruca no chão. As morenas também sabem ser fatais.

“Se lembrança puder ser enlatada, que venha sem data de validade”

He Qi-wu volta ao ‘Midnight Express’, quando o gerente diz para ele investir na Faye – uma empregada nova na lanchonete. Aparece um homem e ele diz ser heterossexual. Então uma garota que vem arrastando um balde esbarra nele.

“No momento de maior intimidade, ficamos 0,01 centímetro de distância. 6 horas depois, ela se apaixonou por outro.


A partir daqui, os personagens principais da primeira história não aparecem mais. O encontro anônimo entre Qi-wu e Faye dá a ligação ao resto do enredo, ao segundo conto sobre a busca por um rumo, se possível ao lado de alguém. Entra em cena o policial número 633 (não confundir com o número 233), que vive junto com uma aeromoça. Todo dia vai ao ‘Midnight Express’, onde Faye trabalha, comprar uma salada para sua namorada. Numa dessas, o gerente sugere que ele leve peixe e salada, para que ela possa escolher. No outro dia, visivelmente abatido ele pede um peixe. A namorada gostara. O gerente sugere que ele leve um peixe e uma pizza para que ela possa escolher novamente. Na vez seguinte, ele pede apenas uma xícara de café. Sua namorada fora embora. Disse que precisava conhecer mais coisas do mundo e o rapaz acha que ela deveria ter ficado mesmo na salada. [Uma outra característica do diretor é desenrolar a história, a partir de pequenas fábulas urbanas, inserindo ou não lendas populares orientais para dar um tom mais delicado – o processo de criação da poesia em estado fílmico. Em ‘Amor à flor da pele’, o diretor fala sobre segredos que não podem ser contados a ninguém. Enquanto um personagem diz que vai a um bordel para relaxar, o outro expõe uma história: antigamente se contava esse segredo dentro de um buraco de uma árvore e a cobria de lama, para que de lá não saísse. Termina o filme com esse personagem contando um segredo dentro de um buraco, em ruínas do Camboja. Minutos e minutos e minutos de silêncio. O segredo está guardado. Até mesmo de nossos ouvidos]. Faye é uma jovem moça que passa o dia trabalhando e escutando ‘California dreamin’. Ao ver o policial número 633, termina se apaixonando ainda que só trocassem, no máximo, as palavras que separam uma vendedora de um cliente. Ela é uma jovem despreocupada, que vai vivendo sem pensar muito em possíveis conseqüências. De todos mergulhados na complexidade, ela parece ser a mais simples. Pois é realmente aquilo que nós vemos, ela é o ser ‘presente’ que parece ser.

“Depois que ela foi embora, a casa ficou mais triste. Todas as noites eu tinha de colocá-los para dormir”

O número 633 sempre volta para casa e inicia uma série de monólogos com os objetos dentro dela. Em relação ao sabonete, se choca por ele estar tão magro, por ele estar se entregando a tristeza; para o pano de chão velho e molhado, afirma que ele não pode chorar tanto, que a depressão não poder tomar conta de sua vida. E o ajuda, espremendo-o. Fala para o urso de pelúcia que ele está sujo, que ele precisava se cuidar. Já à camisa, pergunta se ela está com frio. E passa ferro, em seguida. [Novamente aparece à questão da pequena fábula urbana. Os filmes de Wong Kar-Wai não podem ser encaixados em um gênero específico por passear como um flâneur, pelos vários existentes. Até em filmes como “Cinzas do passado”, que trata da história de samurais, o diretor enxerta uma linguagem não tradicional, fragmentada, além de diversos formalismos típicos de outros gêneros (e típico do seu modo de fazer cinema). Na verdade, ele segue a tendência cinematográfica do dito pós-modernismo que bebe um pouco de cada diretor, de cada gênero, de cada tradição e de si próprio criando uma película híbrida. Talvez o cinema feito por Wong Kar-Wai pudesse ser divido pelo tempo onde passasse as narrativas: entre contemporâneo (o tempo onde não se sabe direito que tempo é) ou os filmes datados (passados em épocas de samurais, década de 60 ou até futurista). Porém , essa divisão soa inútil quando percebemos que o seu trabalho, indiferentemente da época que se passa, segue uma linha temática (o lado introspectivo do ser) e até estrutural ( a desconstrução, fragmentação, fotografia minuciosamente trabalhada, filtros de imagem)]. Um dia qualquer a aeromoça aparece no ‘Midnight Express’ e deixa uma carta com o gerente. Todos do local lêem sem pudor algum. Inclusive Faye. Tudo está acabado e a aeromoça devolve as chaves do apartamento. Quando o número 633 aparece na lanchonete, ao saber da carta, diz que a moça pode entrega-lo outro dia. Preferia fugir por um tempo, evitar o teor óbvio daquelas palavras. Faye pega o endereço dele para enviar pelo correio. Mas não o faz. Passa então a ir até a casa do policial todos os dias e fazer pequenas modificações dentro dela, enquanto ele não está presente. O rapaz nada percebe. Faye visita a casa dele sozinha, constantemente. É como um grande devaneio, a partir do momento que ela passa pela porta. Redecora, dança, sonha. Possivelmente nunca acordaria. Um dia o policial sente que a aeromoça havia voltado, chega correndo, mais cedo, em casa e tudo está inundado. Questiona se havia mesmo deixado uma torneira ligada ou se o apartamento estava tendo uma crise sentimental. Para uma pessoa poderia dar um pano e algumas palavras. Para o apartamento era um pouco mais complicado. Faye aparece no local um pouco depois e se assusta com a presença do rapaz. Ele a convida para entrar e coloca um cd. Toca ‘California Dreaming’. Ela pergunta se ele gostava daquela música. Ele diz que não se importa, que na verdade, era sua namorada que gostava. E eu me questiono se ele realmente gostava dela ou se simplesmente queria gostar.

“Sei que a namorada dele não gostava dessa música. O disco era meu, eu o deixei aqui. Sonhos não são contagiosos”

Finalmente, o número 633 percebe cada pequena mudança. Para o sabonete novo diz que ele não poderia engordar tão de repente. Que ele não podia se entregar e precisava fazer um regime. Ao pano de chão novo e seco fica chocado. Como podia ter mudado tanto em tão pouco tempo. Escondido, o polical vê o pano na chuva, quando ele começa a pingar. Estava mudado, mas continuava a ser um pano afetivo. Ao urso de pelúcia – que agora é um tigre comprado por Faye – pergunta se ele andou brigando. Terminado o monólogo sobre si mesmo e as diferenças em dentro dele, poderia, enfim, dormir. A garota não mudara apenas sua casa. Outro dia ele chega na residência e encontra Faye dentro. Há o choque mais por parte dela, do que por parte dele. Ela foge sem mais explicações. O número 633 vai ao Midnight Express pede a carta e a convida para sair. Hoje, restaurante California, 20:00. Ela demora. O policial se afunda dentro de suas decepções. O gerente da lanchonete aparece para dizer que a moça não viria. Entrega uma carta e diz que ela viajou para Califórnia. Estão em Californias diferentes. O número 633 não é bom com cartas e a joga fora. Depois de um tempo a pega onde havia jogado. Levara chuva. Estava borrada a passagem, com data de um ano depois. Não dava para ver o destino. Nunca daria. [ “Para mostrar a mudança deve-se utilizar as coisas imortais. O tempo passa, as pessoas mudam, mas há muitas coisas que não mudam” é o que diz o diretor sobre algumas repetições inseridas em seus filmes. E realmente algumas estruturas soam similares, uma espécie de tratado sobre as coincidências, ou melhor, sobre a singularidade que faz dos fatos coincidentes, singulares entre si. Nesse filme, a duplicidade chega ao ápice. Existem duas moças chamadas May, duas mulheres em perucas louras, duas aeromoças, dois policiais abandonados por suas namoradas. Ainda assim, os detalhes as fazem diferentes. E é nesses detalhes que o diretor passa a focar sua lente]. Um ano se fora, Faye, vestida de aeromoça, aparece na lanchonete que agora pertencia ao número 633 – que só por acaso, estava escutando ‘Califormia Dreaming’. O antigo gerente tornara-se dono de karaokê. Ele diz que ela fica melhor de uniforme. E ela diz que ele fica melhor sem. Estava no dia da viagem. Pergunta qual o destino. Ela pergunta qual o destino que ele quer. Ele pede que ela escolha qualquer lugar, desde que vá junto. Os revezes não são para sempre ou talvez esse seja apenas o começo de mais uma relação momentânea.

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